Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Crise

Justiça argentina proíbe demissão de Redrado

Decisão de juíza tira caráter de emergência do caso, dando prazos mais longos ao desenrolar da crise no país vizinho

Cristina com o ministro da Economia, Amado Boudou (direita) e o governador Daniel Scioli: cada vez menos aliados | Juan Mabromata/AFP
Cristina com o ministro da Economia, Amado Boudou (direita) e o governador Daniel Scioli: cada vez menos aliados (Foto: Juan Mabromata/AFP)

Buenos Aires - A justiça argentina decidiu on­­tem manter a suspensão dos de­­cretos presidenciais que autorizam o uso das reservas internacionais do Banco Central para o pagamento de dívida pública e exoneram o titular da autoridade monetária, Martín Redrado.

A juíza María José Sarmiento, a mesma que anulou os dois de­­cretos, na última sexta-feira, trans­­formou a causa em uma ação or­­dinária, dilatando, assim, os tem­­pos processuais para dar uma resposta à apelação do go­­verno.

Desde a última quinta-feira, am­­bos os assuntos vêm sendo tratados por meio de amparos le­­gais cautelares, os quais requerem uma decisão da Justiça dentro de um prazo máximo de 48 horas. Agora, qualquer decisão le­­gal envolvendo a criação do "Fun­­do do Bicentenário" com as reservas do BC, ou a mudança do presidente da autoridade monetária, só ocorrerá depois de cinco dias úteis, conforme os prazos de um procedimento ordinário. Na prática, uma nova decisão da Jus­­tiça só deverá ser tomada na próxima semana, incluindo o tratamento da apelação do go­­verno da presidente Cristina Kirchner contra a anulação dos decretos.

A juíza Sarmiento acatou um pedido dos líderes dos partidos de oposição Coalizão Cívica e Proposta Republicana (Pro) para que o assunto seja tratado dentro dos prazos habituais de um processo ordinário e não com a ur­­gên­­cia requerida pelas medidas cautelares.

Benefício

A medida pode acabar beneficiando o governo. O Judiciário está funcionando em regime de "plantões" por causa do recesso judiciário. Na próxima semana, Sarmiento não vai trabalhar e no lugar dela estarão juízes considerados "afins" ao governo, os quais poderiam reverter a anulação dos decretos presidenciais. Até lá, Redrado continua na presidência do BC e as reservas permanecem "intocáveis".

Mais sensível

Num contra-ataque, a presidente Cristina Kirchner tenta passar pela crise com imagem mais sensível e menos arrogante – característica que lhe é atribuída pela opinião pública. Na sexta passada, carregou um bebê no colo durante um ato público, depois de dizer que "o que mais dói’’ é ver a oposição torcer pelo mal do país – não o de seu governo.

Na mesma ocasião, se disse co­­movida com a história de uma trabalhadora que pôde comprar seu primeiro kit de maquiagem aos 23 anos. "São coisas que nós, mulheres, entendemos’’, afirmou. "Além do mais, me fez lembrar de quando eu era muito mais jovem e muito mais linda.’’

Em contrapartida à tentativa de recuperação de imagem de Cristina, o canal de tevê Todo Noticias, do Grupo Clarín, le­­vou ontem ao ar um anúncio institucional exortando os ar­­gentinos a "abrir os olhos à realidade’’.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.