
Buenos Aires - A justiça argentina decidiu ontem manter a suspensão dos decretos presidenciais que autorizam o uso das reservas internacionais do Banco Central para o pagamento de dívida pública e exoneram o titular da autoridade monetária, Martín Redrado.
A juíza María José Sarmiento, a mesma que anulou os dois decretos, na última sexta-feira, transformou a causa em uma ação ordinária, dilatando, assim, os tempos processuais para dar uma resposta à apelação do governo.
Desde a última quinta-feira, ambos os assuntos vêm sendo tratados por meio de amparos legais cautelares, os quais requerem uma decisão da Justiça dentro de um prazo máximo de 48 horas. Agora, qualquer decisão legal envolvendo a criação do "Fundo do Bicentenário" com as reservas do BC, ou a mudança do presidente da autoridade monetária, só ocorrerá depois de cinco dias úteis, conforme os prazos de um procedimento ordinário. Na prática, uma nova decisão da Justiça só deverá ser tomada na próxima semana, incluindo o tratamento da apelação do governo da presidente Cristina Kirchner contra a anulação dos decretos.
A juíza Sarmiento acatou um pedido dos líderes dos partidos de oposição Coalizão Cívica e Proposta Republicana (Pro) para que o assunto seja tratado dentro dos prazos habituais de um processo ordinário e não com a urgência requerida pelas medidas cautelares.
Benefício
A medida pode acabar beneficiando o governo. O Judiciário está funcionando em regime de "plantões" por causa do recesso judiciário. Na próxima semana, Sarmiento não vai trabalhar e no lugar dela estarão juízes considerados "afins" ao governo, os quais poderiam reverter a anulação dos decretos presidenciais. Até lá, Redrado continua na presidência do BC e as reservas permanecem "intocáveis".
Mais sensível
Num contra-ataque, a presidente Cristina Kirchner tenta passar pela crise com imagem mais sensível e menos arrogante característica que lhe é atribuída pela opinião pública. Na sexta passada, carregou um bebê no colo durante um ato público, depois de dizer que "o que mais dói é ver a oposição torcer pelo mal do país não o de seu governo.
Na mesma ocasião, se disse comovida com a história de uma trabalhadora que pôde comprar seu primeiro kit de maquiagem aos 23 anos. "São coisas que nós, mulheres, entendemos, afirmou. "Além do mais, me fez lembrar de quando eu era muito mais jovem e muito mais linda.
Em contrapartida à tentativa de recuperação de imagem de Cristina, o canal de tevê Todo Noticias, do Grupo Clarín, levou ontem ao ar um anúncio institucional exortando os argentinos a "abrir os olhos à realidade.



