A Justiça argentina absolveu nesta terça-feira (13) o ex-presidente Carlos Menem (1989-1999) e outros 17 acusados pelo suposto contrabando de armas para a Croácia e o Equador entre 1991 e 1995. A decisão contraria o parecer do promotor federal Mariano Borinsky, para quem Menem foi o responsável pela venda ilegal aos dois países, na época em guerra.
Borinsky pedira pena de oito anos para Menem, que até então estava cumprindo regime de prisão domiciliar. Em 2001, o político esteve seis meses detido, mas foi solto graças a uma resolução da Corte Suprema de Justiça. Finalmente, o julgamento começou em outubro de 2008 e contou com a participação de 383 testemunhas.
Menem, primeiro ex-presidente eleito democraticamente a ser submetido a um julgamento oral, evitou fazer comentários sobre o caso. Mas segundo informações extra oficiais, sua absolvição foi comemorada pelo governo Cristina Kirchner.
Depois de anos de disputa, a presidente e o atual senador decidiram selar este ano uma aliança política na província de La Rioja, terra natal de Menem. Nas eleições do próximo dia 23 de outubro, o senador tentará renovar sua cadeira como candidato do governo.
"Se Menem tivesse sido condenado, o governo teria se envolvido num delicado problema", comentou uma fonte do Executivo argentino.
Caso fosse condenado, o Senado teria que decidir se a imunidade parlamentar de Menem seria ou não suspensa. O governo, claramente, preferia evitar esta situação em plena campanha eleitoral.
As primeiras denúncias sobre o suposto contrabando de armas surgiram há cerca de 16 anos. O jornal "Clarín" foi um dos meios de comunicação que mais investigou o caso. Segundo informações divulgadas ao longo de vários anos, os decretos assinados por Menem previam o envio de armas usadas para a Venezuela e o Panamá. No entanto, as cerca de 6.500 toneladas de armamentos novos e usados teriam sido destinados à Croácia e o Equador.
"O contrabando foi provado, porque o destino das armas que estava previsto nos decretos presidenciais foi desviado", garantiu o promotor.
Já o advogado do ex-presidente, Maximiliano Rusconi, argumentou que "não existe prova sobre a responsabilidade de Menem".



