
No dia em que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, deu aval à anexação da Crimeia, a Ucrânia acusou tropas russas de atacarem uma de suas bases militares na região e matarem um soldado.
Após a ação, o premiê ucraniano, Arseni Yatseniuk, disse que começou a fase militar do conflito pela região de maioria russa, que domingo votou pela junção a Moscou.
O Ministério da Defesa da Ucrânia diz que homens com roupas militares russas, mascarados e armados, invadiram a base, em Simferopol, capital da Crimeia. Outros dois soldados teriam ficado feridos.
A Crimeia, porém, afirma que a base não foi invadida, mas alvejada por atiradores que estavam em um prédio em frente ao local. Os homens teriam baleado um militar ucraniano e um miliciano pró-Rússia. A polícia informou ter prendido um dos supostos atiradores.
Para o primeiro-ministro da Ucrânia, o ataque foi um "crime de guerra" cometido pela Rússia. O presidente ucraniano, Oleksander Turchinov, autorizou os soldados a usarem suas armas em legítima defesa.
O governo russo não se manifestou sobre o caso.
Além da ligação histórica com a Rússia, que integrou até 1954, a Crimeia abriga a principal base militar russa no mar Negro. Tem também relevância econômica, ao sediar campos de gás.
Justo
O ataque aconteceu horas depois que Putin ratificou a anexação da Crimeia. Em discurso no Parlamento, ele disse que corrigiu uma injustiça histórica.
"Nos corações e nas mentes das pessoas, a Crimeia sempre foi uma parte inseparável da Rússia", disse.
A sessão foi interrompida várias vezes por aplausos e gritos. Deputados russos e da Crimeia choraram com as palavras de Putin, que, em meio ao ambiente nacionalista, fez duras críticas ao Ocidente.
Para ele, EUA e União Europeia "passaram dos limites" ao apoiar o novo governo da Ucrânia. "Atuaram de forma grosseira, irresponsável e pouco profissional."
Embaixador da Ucrânia afirma que referendo foi uma "farsa política"
Da Redação
O embaixador da Ucrânia no Brasil, Rostyslav Tronenko, divulgou ontem um comentário acerca do referendo realizado na Crimeia, que terminou com 97,6% dos eleitores a favor do retorno da península para a Rússia, o que implica no rompimento com a Ucrânia.
"[O referendo] foi uma farsa política orquestrada pela Federação da Rússia", diz Tronenko. Para o diplomata, a consulta popular na Crimeia viola leis internacionais "fundamentais".
"A maioria dos observadores que participaram desta farsa representam as forças marginais de esquerda e de direita", diz o embaixador. "A Ucrânia está profundamente e dolorosamente ciente do fato de que a agressão da Rússia trouxe o mundo à beira de um conflito fatal."
Tronenko afirma haver indícios de que a Rússia está a ponto de fazer uma intervenção militar "de grande porte" no leste e no sul do território ucraniano. "Moscou está usando sua vantagem incomparável em força militar e seu estatuto nuclear", argumenta.



