O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, pediu uma revisão da Constituição para definir a Coreia do Sul como o "país hostil número um", em mais um sinal da profunda mudança estratégica e diplomática pela qual Pyongyang parece ter optado.
No primeiro dia da atual sessão da Assembleia Popular Suprema, como é chamado o Parlamento norte-coreano, nesta segunda (15), Kim fez um longo discurso no qual disse que as políticas de Washington, apoiadas por Seul para "acabar" com seu país não deixam espaço de manobra a não ser a preparação para a guerra, informou hoje a agência de notícias estatal KCNA.
O líder norte-coreano disse que também deve ficar claro na Carta Magna que não há espaço para "reconciliação ou reunificação" com o Sul e que, em caso de guerra, "é importante levar em conta a questão de ocupar, suprimir e recuperar completamente a República da Coreia (nome oficial da Coreia do Sul)".
"Hoje, a Assembleia Popular Suprema põe fim a quase 80 anos de relações Norte-Sul e legisla nossa nova política para o Sul", afirmou Kim, sinalizando uma mudança diplomática fundamental que vários analistas alertaram após o fracasso da cúpula de desnuclearização de Hanói em 2019 ou a aproximação progressiva de Pyongyang com Pequim e Moscou.
O líder supremo de Pyongyang também disse que "o crescente conluio militar entre o Japão e a República da Coreia está prejudicando seriamente a segurança nacional" e ordenou que todas as agências governamentais "em todos os níveis" estabeleçam "medidas abrangentes para a transição imediata para um regime de guerra em caso de emergência" e "façam preparações materiais completas para a resistência nacional".
O ditador afirmou que o regime implementará imediatamente a decisão, anunciada no fim de semana, de dissolver todas as organizações civis de intercâmbio com o Sul estabelecidas nas últimas cinco décadas para promover uma reaproximação entre os dois vizinhos, que tecnicamente ainda estão em guerra desde que o conflito entre eles (1950-1953) terminou apenas com um cessar-fogo.
Além da linguagem dura usada por Kim, ele propôs a destruição de símbolos ou efígies que defendem a ideia de reunificação pacífica, algo que não havia sido visto até agora desde que ele assumiu o poder.
Especificamente, ele defendeu que seja "cortada fisicamente" a antiga ferrovia Linha Gyeongui - que ligava as duas metades da península - a "um nível irreparável" e a demolição do chamado Arco da Reunificação, um enorme monumento que fica nos portões de Pyongyang quando se entra na cidade pelo sul.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura
Deixe sua opinião