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A líder da direita francesa Marine Le Pen acusou o sistema político nesta terça-feira (1) de lançar contra ela uma "bomba nuclear", com uma condenação judicial de cinco anos de inabilitação para exercer cargos públicos de aplicação imediata.
"Se juízes e magistrados decidem quem pode concorrer às eleições e em quem os franceses podem votar, então não estamos em uma democracia", disse Le Pen em uma reunião de deputados do seu partido na Assembleia Nacional.
"O sistema lançou a bomba nuclear e, se o fez, é obviamente porque estamos prestes a ganhar as eleições", acrescentou.
A decisão do Tribunal Penal de Paris considerou Le Pen como parte central do esquema pelo qual sua legenda, o Reagrupamento Nacional (RN), fraudou o Parlamento Europeu em 4,1 milhões de euros em fundos para pagar supostos assistentes parlamentares que, na verdade, trabalhavam exclusivamente para o partido.
Por essa acusação, foi condenada a quatro anos de prisão, dois dos quais poderá cumprir em prisão domiciliar com pulseira eletrônica, além de ter que pagar uma multa de 100.000 euros e, acima de tudo, estar proibida de exercer cargos públicos por cinco anos.
A pena de prisão está suspensa até o julgamento do recurso, mas não a inabilitação, que será imediata e efetiva até a decisão da segunda instância, o que pode impedir Le Pen de concorrer às eleições presidenciais de 2027.
Le Pen insistiu que a decisão é "um verdadeiro escândalo democrático" e garantiu que usarão "todos os meios à nossa disposição" para derrubá-la.
Por sua vez, o presidente do RN, Jordan Bardella, convocou manifestações pacíficas e outros eventos, como distribuição de folhetos, em apoio a Le Pen, durante uma entrevista à emissora de rádio Europe 1, na qual pediu "indignação", mas sem atos violentos "que possam servir de desculpa para os oponentes políticos".
Bardella, de 29 anos e que é o favorito para substituir Le Pen nas eleições presidenciais em dois anos se a inabilitação de sua mentora não for suspensa, condenou as ameaças feitas ao juiz que presidiu o tribunal que proferiu a condenação.
"As decisões judiciais são contestadas na arena jurídica, na arena política, mas nunca com violência física. Condeno todas as formas de violência, incluindo a violência verbal", afirmou.
"Não somos fascistas, não somos racistas, não somos de extrema-direita. Somos pessoas razoáveis e patriotas. Amamos nosso país e queremos lutar pelo destino da França e pela vida cotidiana do povo francês", completou.
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Conteúdo editado por: Isabella de Paula



