
Autoridades líbias acusaram ontem a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de ter matado dezenas de civis em um bombardeio da Otan contra uma comunidade rural a leste de Trípoli. Um ataque com grande número de vítimas civis pode abalar o apoio popular nos países da Otan à campanha militar na Líbia, que já tem se revelado muito mais longa, custosa e sangrenta do que previam seus defensores.
Um porta-voz do governo de Muamar Kadafi disse que 85 pessoas foram mortas por mísseis que caíram em propriedades rurais na aldeia de Majar. Entre os mortos, segundo o porta-voz, havia 33 crianças e 32 mulheres. "Eles (Otan) não diferenciam entre soldados, crianças e idosos", disse Abdulkader Al-Hawali, estudante de medicina que trabalha no hospital da vizinha Zlitan, para onde alguns mortos e feridos foram levados, segundo as autoridades.
O governo líbio decretou três dias de luto oficial pelas vítimas, segundo a tevê estatal. Jornalistas que foram levados ao hospital de Zlitan por funcionários do governo líbio contaram 20 cadáveres em sacos numa sala, alguns deles amontoados.
Funcionários do hospital abriram alguns dos sacos. Um deles continha o corpo de uma criança que parecia ter cerca de dois anos. Outro também continha o cadáver de uma criança. Ao todo, jornalistas viram cerca de 30 corpos no hospital de Zlitan.
Outro lado
Numa entrevista coletiva em Bruxelas, um porta-voz militar da Otan disse que o alvo dos ataques era uma área militar usada como apoio para ataques do governo contra civis. "Era um alvo legítimo, e, ao atacá-lo, a Otan reduziu a capacidade das forças pró-Kadafi de ameaçarem e atacarem civis", disse o coronel Roland Lavoie.
As forças da Otan têm realizado ataques regulares, por mar e ar, contra alvos na região de Zlitan, onde a aliança diz que forças do governo têm matado e perseguido civis envolvidos na rebelião contra Kadafi.


