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Peregrinos carregam uma cruz diante da Basílica de São Pedro, no Vaticano, no dia em que o Papa anunciou a sua saída | Reuters/ Giampiero Sposito
Peregrinos carregam uma cruz diante da Basílica de São Pedro, no Vaticano, no dia em que o Papa anunciou a sua saída| Foto: Reuters/ Giampiero Sposito

Repercussão

"Em nome de todos os americanos, Michelle e eu desejamos estender nosso agradecimento e nossas orações a Sua Santidade, o Papa Bento XVI. Lembramos com afeto da nossa reunião com o Santo Padre em 2009."

Barack Obama, presidente dos Estados Unidos.

"A Igreja tem um papel crítico nos Estados Unidos e no mundo, e eu desejo o melhor para aqueles que, em breve, se reunirão para escolher o sucessor de Sua Santidade, o Papa Bento XVI."

Barack Obama, presidente dos Estados Unidos.

"Claramente, se trata de uma decisão que o Santo Padre tomou após meditar com cuidado e depois de muita oração e reflexão."

Enda Kenny, primeiro-ministro da Irlanda.

"Ressoou como um trovão no céu tranquilo desta sala sua comovente mensagem. Escutamos suas palavras com uma sensação de desconcerto e quase totalmente incrédulos."

Angelo Bagnasco, cardeal decano e presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI).

"Cristo lhe confiou, através do Espírito Santo, o cargo de São Pedro. No momento em que começaram a faltar-lhe forças para servir à Igreja, voltou a colocar o cargo nas mãos de Deus. (...) Trata-se de um grande gesto do ponto de vista humano e religioso."

Robert Zollitsch, arcebispo de Freiburg e presidente da Conferência Episcopal.

"É um gesto que o enobrece porque mostra que está pensando na Igreja. É um ato de coragem, mas também um ato nobre."

Dom Leonardo Ulrich Steiner, secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

"Ele [Bento XVI] realmente estava limitado, estava sempre limitando as forças dele. Mas estava fazendo esforço para seguir adiante. Aquilo de que se falava antes eram conjecturas. Não havia nenhum anúncio por parte do Papa, mesmo para nós. Agora, acho que não seria justo [ele fazer isso] para participar da escolha, para influenciar os cardeais a votarem em alguém. Mas não creio. Ele não vai fazer nunca isso."

Dom Geraldo Majella Agnelo, arcebispo emérito de Salvador.

"Foi uma grande surpresa, mas ele mesmo já havia assinalado para isso numa entrevista que deu a um jornalista alemão [Peter Seewald], onde dizia que um papa que percebesse que não tinha mais condições físicas, poderia e até deveria renunciar. A partir daí, muitas vezes foi levantada essa suposição: será que este papa vai um dia renunciar? (...) Foi um ato de muita sabedoria, coragem e humildade da parte dele."

Dom Cláudio Hummes, ex-arcebispo de São Paulo.

Na Praça de São Pedro, no Vaticano, não se falava em outra coisa. A notícia de que o Papa Bento XVI deixará o ministério no último dia deste mês comoveu Roma e o próprio Estado do Vaticano. Depois de divulgada pela agência de notícias Ansa às 11h46 (8h46 de Brasília), milhares de pes­­­soas se dirigiram à praça diante da Basílica de São Pedro.

O padre jesuíta e porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, improvisou uma entrevista coletiva na sala de imprensa que fica nos limites da praça e reconheceu que "o anúncio pegou a todos de surpresa".

Reportagens ao vivo de repórteres de televisão se misturavam ao ir e vir de pes­­­soas desconcertadas que olhavam com incredulidade para a janela do apartamento do Papa, de onde todos os domingos ele aparece para abençoar os congregados e fazer a oração do Angelus.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ressaltou o "trabalho conjunto" nos últimos quatro anos de seu governo com o Papa Bento XVI, ao comentar o anúncio da renúncia.

"Em nome de todos os americanos, em todas as partes, Michelle e eu desejamos estender nosso agradecimento e nossas orações a Sua Santidade, o Papa Bento XVI. Lembramos com afeto da nossa reunião com o Santo Padre em 2009", comentou o presidente, em comunicado emitido pela Casa Branca.

"A Igreja tem um papel crítico nos Estados Unidos e no mundo, e eu desejo o melhor para aqueles que, em breve, se reunirão para escolher o sucessor de Sua Santidade, o Papa Bento XVI", disse Obama.

O Papa visitou Washington e Nova York em 2008, em uma viagem que incluiu uma visita à Casa Branca e encontros com a comunidade católica do país, incluindo encontro no Yankee Stadium, um dos maiores dos Estados Unidos.

Dever

O primeiro-ministro irlandês, o conservador Enda Kenny, afirmou que a decisão do Papa Bento XVI de renunciar é uma amostra de um "profundo sentido do dever" em relação à Igreja Católica.

"Claramente, se trata de uma decisão que o Santo Padre tomou após meditar cuidadosamente e depois de muita oração e reflexão", afirmou Kenny, que nos últimos anos protagonizou enfrentamentos com o Vaticano pelos casos de pedofilia na Irlanda.

Honra

Para muitos, a decisão de Bento XVI deu sinais de uma visão muito honrada da liderança. "É um gesto grandíssimo do qual deveriam aprender muitos incompetentes que se apegam ao cargo, embora seu trabalho não seja útil para a sociedade à qual servem", disse o padre Sabino Lattancio. O padre acrescentou que o ainda Papa foi "correto, cortês, não muito midiático, mas muito lúcido".

A surpresa não foi sentida unicamente pelos peregrinos e turistas: as lojas de presentes que ficam na Via da Conciliação, que leva à Basílica de São Pedro, mostravam abertamente seu desconcerto diante das mercadorias colocadas à venda que, em poucos dias, podem ficar obsoletas.

A decisão de Bento XVI de deixar seu pontificado no dia 28 de fevereiro abalou Roma e deixa o mundo cristão na expectativa do conclave para decidir quem será o futuro Papa.

Impacto"Ressoou como um trovão", diz cardeal a respeito da notícia

"Ressoou como um trovão no céu tranquilo nesta sala sua comovente mensagem", foram as primeiras palavras do cardeal decano Angelo Bagnasco, presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI), após saber a decisão do Papa.

Bento XVI fez o anúncio durante um Consistório – reunião de cardeais – para escolher as datas da canonização de três novos santos.

"Escutamos suas palavras com uma sensação de desconcerto e quase totalmente incrédulos", acrescentava a mensagem de Bagnasco que interpretava o sentimento de todos os cardeais.

Além da comoção na Praça de São Pedro, onde os católicos estavam reunidos, reinava a incredulidade entre os turistas e fiéis perante a notícia da renúncia do Papa alemão, de 85 anos.

"Não pode ser verdade. E por quê? Está doente?", perguntou um dos fiéis na praça.

O filósofo e ex-prefeito de Veneza Massimo Cacciari definiu como "novidade surpreendente" a decisão de Bento XVI, mas a considerou "inevitável" e "madura".

Chanceler pede "o máximo respeito"

Efe

A chanceler alemã, Angela Merkel, agradeceu ao Papa Bento XVI por seus anos de trabalho à frente da Igreja Católica e desejou o melhor após sua renúncia, uma "decisão difícil" que merece "o máximo respeito".

A líder alemã, que lembrou o "orgulho" que sentiu quando Joseph Ratzinger foi anunciado como novo Papa há oito anos, agradeceu Bento XVI por seu pontificado e desejou, "de todo coração", o melhor para a etapa que se abre em sua vida após a renúncia.

Merkel considerou que a decisão de renunciar, quando deixará o cargo em 28 de fevereiro, é uma questão "difícil" por suas implicações e singularidade, por isso que merece seu "máximo respeito".

A alemã também se mostrou convencida de que Bento XVI tomou a decisão levando em conta a instituição que preside.

A chanceler destacou a "profunda cultura" de Bento XVI, seu "vivo interesse pela integração europeia" e agradeceu por ter impulsionado ativamente o "diálogo" ecumênico com "outras igrejas e religiões", como os ortodoxos e os judeus.

Além disso, Merkel, que é protestante, disse que, em sua opinião, o Papa alemão é "um dos mais significativos pensadores religiosos de nossa época". A Conferência Episcopal Alemã qualificou a renúncia como um "luminoso exemplo de responsabilidade e de amor pela Igreja".

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