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Incêndio criminoso destruiu loja de departamentos e um supermercado em Concepción, cidade mais afetada pelo tremor | Jose Luís Saavedra/Reuters
Incêndio criminoso destruiu loja de departamentos e um supermercado em Concepción, cidade mais afetada pelo tremor| Foto: Jose Luís Saavedra/Reuters

Desordem

Vândalos incendeiam loja de departamentos

AFP

Um grupo de vândalos ateou fogo a uma loja de departamentos e a um supermercado vizinho na cidade de Concepción, que vive uma onda de saques após o terremoto da madrugada de sábado passado. Uma pessoa envolta pelas chamas foi resgatada pelos bombeiros no interior da loja, situada em uma zona comercial do centro da cidade, 500 Km ao sul de Santiago. Uma nuvem de fumaça negra cobria Concepción devido ao incêndio, enquanto fuzileiros navais tentavam controlar a situação.

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Seis semanas e meia separaram dois terremotos de proporções gigantescas no continente americano. O primeiro, de 7,7 graus, deixou mais de 200 mil mortos no Haiti. O segundo, de 8,8 graus, ocorrido no último sábado, fez até agora cerca de 700 mortes no Chi­­le. As condições e a localização dos terremotos que atingiram os dois países explicam porque um abalo muito superior, como o chileno, causou um número bem menor de vítimas.

No Chile, o abalo da madrugada de sábado passado teve seu epicentro a 115 km da cidade de Concepción e a 325 km de Santia­­go. No Haiti, o epicentro foi a 25 km de Porto Príncipe, a capital do país. O tremor haitiano também ocorreu numa profundidade me­­nor, a cerca de 10 km da superfície, o que multiplicou a violência das vibrações e amplificou os danos no solo – no Chile, o epicentro foi a cerca de 35 km sob o oceano, o que reduziu o impacto, mas produziu um tsunami.

As diferenças não limitam-se a questões geológicas. "O Chile está muito melhor preparado que o Haiti para enfrentar qualquer abalo desta intensidade", diz Ro­­ger Bilham, professor de geologia da Universidade do Colorado. O país sul-americano se encontra em uma das zonas de maior atividade sísmica do mundo, na convergência de duas grandes placas tectônicas, o que provoca abalos de 8 graus a cada dez anos, aproximadamente, mas o Haiti não so­­fria um terremoto tão catastrófico na região de Porto Príncipe há 240 anos.

Precisamente no Chile ocorreu em 22 de maio de 1960 o ma­­ior terremoto já registrado, o abalo de Valdivia, de 9,5 graus, que matou 2 mil pessoas. É exatamente essa "expertise" em abalos que minimizou os estragos chilenos.

Segundo a empresa americana EQECAT, especializada na avaliação de riscos, as normas chilenas de construção "minimizaram o potencial de destruição" do terremoto. A organização Architecture for Humanity estimou que os efeitos do terremoto no Chile "foram muito menores que no Haiti (...) sem dúvida devido ao estado de preparação do país, incluindo as normas de construção...". "Se um prédio cai durante um terremoto é porque foi fortemente sacudido ou porque foi mal construído", resumiu o professor Roger Bi­­lham. "No Haiti, os prédios eram muito frágeis. Quem os construiu, há 20 ou 30 anos, fez túmulos para seus ocupantes". Em Porto Príncipe, onde vivem 2 milhões de habitantes, apenas dois prédios foram construídos para en­­frentar terremotos, e ambos resistiram ao abalo de 12 de janeiro.

Além da estrutura dos prédios, é preciso se levar em conta dois fatores. O Chile é uma das economia mais estruturadas da América do Sul e é dono do 3.° melhor Ín­­dice de Desenvolvimento Huma­­no (IDH) do continente, perdendo apenas para os EUA, Canadá e Bar­­bados. Já o Haiti tem o pior IDH entre todos os países americanos. A miséria haitiana faz milhares de pessoas se espremerem na ca­­pital Porto Príncipe. O país está entre os 20 de maior densidade demográfica mundial. São 292 habitantes por quilômetro quadrado.

O pós-desastre também é fundamental. No Chile, Exército, bombeiros e até a Aeronáutica es­­tão ajudando no resgate e nas buscas. No Haiti, o presidente René Préval não tinha sequer onde dormir nas primeiras noites após o tremor.

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