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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou aos responsáveis pela União das Nações Sul-americanas (Unasul), o equatoriano Rafael Correa e o argentino Nestor Kirchner, o esforço de mediação da crise entre Colômbia e Venezuela.

O Brasil trabalha pela convocação de uma reunião da Unasul, mas somente após a posse do presidente colombiano eleito, Juan Manuel Santos, marcada para o dia 7. Nesse encontro, a mensagem do Brasil e dos vizinhos aos dois países deve ser "vamos parar por aí" e acabar de vez com esse atrito.

Com a Unasul como fórum de debates sobre a crise, ficaria isolada qualquer iniciativa dos EUA e seus aliados da América Central em favor da Colômbia.

Na Organização dos Estados Americanos (OEA), há uma forte divisão entre os que apoiam a Venezuela e os que se alinham com a Colômbia. Não teria como aprovar nem desaprovar a proposta colombiana, assim como não tem condições para diluir o impasse.

"Nem uma criança poderia imaginar que a OEA encamparia a ideia da Colômbia", afirmou uma fonte do governo brasileiro. Por outro lado, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, exerce forte influência na Unasul.

Em crises anteriores, o governo brasileiro já defendia a tese de que o fórum apropriado para discutir crises entre países da região é a Unasul, em vez da OEA.

A análise do caso na Unasul não excluiria a possibilidade de uma investigação também no âmbito da OEA. Mas, em qualquer fórum, ela só poderia se realizar após a aprovação da maioria dos países-membros e se a Venezuela concordasse com a inspeção.

Lula conversou por telefone com Chávez já na quinta-feira para pedir que não feche a porta ao diálogo. Aparentemente, a estratégia do Planalto é a de esperar a posse de Santos para tratar pessoalmente do problema.

Mantendo uma posição de cautela diplomática, o presidente da República nem sequer mobilizou o chanceler, Celso Amorim, que participou nos últimos dois dias da cúpula da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP), em Luanda. Da capital de Angola, Amorim seguiu hoje para cumprir o planejado roteiro pelo Oriente Médio.

Em Brasília, a avaliação é que a denúncia da Colômbia foi "destemperada" e deu-se "aos 46 minutos do segundo tempo".

De acordo com fontes da diplomacia, Uribe se apoiou em uma denúncia "requentada" como meio de se confrontar com a posição mais ponderada de Santos, seu antigo falcão na área da Defesa, em relação à Venezuela de Chávez.

"Uribe não está preparado para ser ex-presidente", afirmou uma fonte. "Ele queria ficar na presidência, achava que ficaria e, como não deu certo, não aceita ser ex-presidente."

Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado, P. J. Crowley, declarou hoje que os EUA apoiam a proposta da Colômbia de criar uma comissão internacional para investigar a suposta presença de 1.500 guerrilheiros colombianos na Venezuela.

"Cremos que seria útil a participação internacional nesta investigação, que pode fazer-se por várias vias", disse Crowley. "A OEA é uma via. A Unasul seria outra."

"Deve haver uma investigação. Acreditamos que a Venezuela tem a responsabilidade de responder com rapidez à importante informação apresentada ontem pela Colômbia", acrescentou o porta-voz.

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