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Paraguai

Lula diz que negociará Itaipu, mas resiste à mudança na tarifa

No Paraguai, para a posse de Fernando Lugo, o presidente brasileiro diz que é dever do Brasil ajudar países mais pobres

Ao assumir a presidência do Paraguai, ontem, Fernando Lugo, que é apoiado por partidos de esquerda e direita, propôs um “pacto social que recupere a visão de um futuro compartilhado” | Christian Rizzi/Gazeta do Povo
Ao assumir a presidência do Paraguai, ontem, Fernando Lugo, que é apoiado por partidos de esquerda e direita, propôs um “pacto social que recupere a visão de um futuro compartilhado” (Foto: Christian Rizzi/Gazeta do Povo)

Assunção - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem em Assunção que dialogará com o Paraguai a respeito da renegociação do Tratado de Itaipu, mas praticamente descartou aumentar a tarifa da energia. "Vamos ver qual será a demanda deles porque qualquer aumento de tarifa (da energia de Itaipu) que incidir sobre um aumento de tarifa para o povo brasileiro, aí fica complicado", disse o presidente. Lula participou ontem com oito chefes de Estado da posse do ex-bispo católico Fernando Lugo como presidente do Paraguai, em um ato que reuniu 15 mil pessoas na Praça do Congresso.O presidente brasileiro enfatizou que está à disposição de Lugo para conversar sobre acordos a serem estabelecidos entre o Brasil e o Paraguai e aguarda o mandatário do país vizinho marcar um encontro. Segundo ele, o diálogo sobre Itaipu é uma reivindicação antiga dos paraguaios que entrará em pauta. "Primeiro precisamos saber qual é a demanda que o presidente Lugo vai fazer ao Brasil e dentro daquilo que for possível negociar, nós queremos ajudar o Paraguai", salientou.Para Lula, o Brasil tem responsabilidade com os países sul-americanos e latino-americanos. "Nós temos que ajudar os países mais pobres porque, à medida que eles crescem, ajudam o bloco e o continente."A cobrança paraguaia pela renegociação do tratado de criação da hidrelétrica binacional tornou-se um tema recorrente durante a campanha, e faz eco entre a população. Na cerimônia da posse, representantes de movimentos sociais paraguaios gritaram "Itaipu" quando o nome do presidente brasileiro foi anunciado. Durante discurso de posse, Lugo não tocou diretamente no tema da demanda energética, mas lembrou da necessidade de uma relação mais estreita do Paraguai com o Brasil e a Argentina quando se trata de empreendimentos binacionais, como Itaipu e Yacyretá, usina paraguaio-argentina."Há necessidade de um maior impacto socioeconômico dos empreendimentos energéticos compartilhados na atualidade com os povos irmãos do Brasil e da Argentina", disse Lugo.TrajetóriaSem jamais ter ocupado sequer um cargo político, o ex-bispo Lugo se torna presidente aos 57 anos, assumindo o desafio de livrar o país da fama da corrupção e do contrabando. Ao ser eleito, em abril deste ano, com apoio de uma coalizão de partidos de diferentes ideologias, Lugo quebrou uma hegemonia de 61 anos do Partido Colorado, agremiação que estava há mais tempo no poder no mundo. Também tornou-se o primeiro ex-bispo a assumir um cargo de presidente. Entre os chefes de Estado presentes no evento ontem estavam Hugo Chávez, da Venezuela; Evo Morales, da Bolívia; Rafael Correa, do Equador; Tabaré Vasquez, do Uruguai; Michele Bachelet, do Chile e Cristina Kirchner, da Argentina. O governador Roberto Requião também esteve presente na cerimônia. Pelo menos 7.500 policiais e 3 mil militares tomaram conta do centro de Assunção desde a madrugada de ontem para o evento que coincide também com a comemoração dos 471 anos da capital paraguaia. Após Lugo receber a faixa presidencial, os chefes de Estado participaram de uma cerimônia religiosa.

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