O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez nesta quinta-feira (20) uma analogia entre sua eleição, em 2002, e a de Barack Obama, ao afirmar que o presidente eleito dos EUA não pode errar sob pena de jogar "o desastre econômico dos brancos" nas costas de minorias e, assim, inviabilizar a eleição de um outro presidente negro no país.
Lula disse considerar Obama uma pessoa inteligente e que o presidente eleito dos EUA já deve ter percebido o peso de sua responsabilidade.
"Não é pouca coisa um negro ser eleito presidente dos Estados Unidos. É um fato histórico e um simbolismo histórico sem precedentes", disse Lula em discurso durante evento em homenagem ao Dia da Consciência Negra.
Segundo Lula, o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos assumirá o poder com o país atravessando "a maior crise da história".
"Eu acho que o Obama tem que dizer o que eu disse quando tomei posse em 2003: 'Não posso errar'", afirmou. Na ocasião de sua posse, Lula realçou o fato de ter sido o primeiro presidente de origem pobre a chegar ao poder no Brasil.
Segundo Lula, um erro do presidente norte-americano no combate à crise financeira pode ser fatal.
"O Obama é inteligente. Ele tem que entrar e dizer: 'Eu tenho que recuperar a economia americana, porque senão vão jogar esse desastre dos brancos nas costas dos negros e nunca mais um negro vai ser eleito presidente dos Estados Unidos'", disse. "Ele tem que entrar com determinação e tomar atitudes para que a economia americana se recupere."
Lula voltou a ressaltar no evento que o Brasil está preparado para a crise e voltou a criticar a falta de regulação do sistema financeiro.
"O Brasil é hoje o país mais preparado para enfrentar a crise. Temos que ter confiança de que vamos fazer o país sair dessa crise sem sofrer as consequências que os outros estão sofrendo", disse o presidente.
Lula reiterou que a origem da crise está nos países ricos, ao contrário das turbulências anteriores.
"A crise aconteceu por falta de regulação do sistema financeiro. Se aprendessem com o Brasil não sofreriam a crise que sofreram."
