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O presidente francês, Emmanuel Macron, participa de uma cerimônia no Hotel des Invalides, em Paris, França, 01 de junho de 2022.
O presidente francês, Emmanuel Macron, terá que fazer acordos para governar.| Foto: EFE/EPA/Christian Hartmann

O presidente Emmanuel Macron foi contrariado pelos eleitores franceses nas eleições legislativas que aconteceram em segundo turno neste domingo (19). A bancada presidencial francesa conquistou apenas a maioria relativa, em vez de uma maioria absoluta que demandaria 289 assentos na Assembleia Nacional. De fato, o clima do segundo turno foi de referendo a respeito de Macron merecer ou não essa maioria absoluta.

Como ilustração simbólica da derrota, perderam os seus assentos o ex-presidente da Assembleia Nacional Richard Ferrand e a ex-ministra da saúde Brigitte Bourguignon, ambos da situação.

O resultado pode levar a um impasse político, a menos que Macron consiga negociar alianças com outros partidos. Sua coalizão de centro, chamada Ensemble, terá dificuldades para aprovar projetos de seu interesse, como o aumento da idade mínima para aposentadoria e o estreitamento de laços com a União Europeia.

O ministro de finanças Bruno La Maire chamou o resultado inédito desde 1988 de “choque democrático” que “bloqueará nossa capacidade de fazer reformas e proteger os franceses”, informa a Reuters. O parlamento mais equilibrado vai exigir concessões e compartilhamento de poder, coisa fora do feitio da política francesa nas últimas décadas. A própria reeleição de Macron em abril foi algo que não se via na França há duas décadas.

A premiê Elisabeth Borne promete que o governo já começará a buscar alianças na segunda-feira, mas também vê o resultado como “um risco para o nosso país, dados os desafios que temos pela frente”. O partido conservador Les Republicains, que ficou em quarto lugar, é uma das apostas mais óbvias para alianças com a coalizão Ensemble. Christian Jacob, presidente do Les Republicains, disse que o partido pretende continuar na oposição, mas que fará críticas construtivas, o que sugere que eventuais apoios dependerão da natureza de cada projeto em discussão. A depender da gravidade dos impasses, Macron pode convocar novas eleições.

Radicais exultantes

As linhas duras à esquerda e à direita têm ganhado espaço no país e fazem oposição ao presidente. Ambas contam vitórias nessas eleições legislativas. À esquerda, a aliança Nupes liderada por Jean-Luc Mélenchon pretende congelar os preços de produtos essenciais, baixar a idade mínima de aposentadoria, tributar heranças, proibir empresas que pagam dividendos de demitir funcionários e desobedecer a União Europeia.

À direita, a líder do partido Reunião Nacional Marine Le Pen comemora os seus melhores resultados em eleições legislativas. Ela própria foi reeleita deputada, contando mais uma vez com o voto de seus eleitores de Henin-Beaumont, no norte da França. O Reunião Nacional saltou de apenas dois representantes na Assembleia Nacional em 2012 para cerca de 80 agora. Le Pen, um dos maiores nomes anti-imigração da Europa, diz que luta contra as classes altas que apoiam Macron e contra aqueles que “tentam minar a França de baixo de forma antirrepublicana”, uma referência à Nupes.

Abstenção é a maior vencedora

O percentual de abstenção foi recorde, mais uma vez, nas eleições legislativas francesas. Pouco mais de 54% dos eleitores não compareceram aos locais de votação no segundo turno. As estatísticas do país apontam que a maior parte dos faltantes são jovens.

No primeiro turno, 52,49% dos franceses não exerceram o direito de votar. Entre os jovens de 18 a 24 anos, 75% dos eleitores não votaram. Entre os que tem de 25 a 34 anos, 65% faltaram, de acordo com os dados oficiais.

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