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Na onda de outsiders na política mundial, que deu vitórias nas urnas a Donald Trump nos Estados Unidos e a Javier Milei na Argentina, as eleições parlamentares do Canadá, que serão realizadas no próximo dia 28, têm um candidato a primeiro-ministro nessa linha: Maxime Bernier.
Nascido no Québec, Bernier tem 62 anos, tem formação superior em comércio e direito e é líder do Partido Popular do Canadá (PPC), que fundou em 2018.
Foi parlamentar pelo Partido Conservador e exerceu cargos importantes no governo do premiê Stephen Harper (2006-2015), mas se desiludiu com a legenda. Em 2019, perdeu sua cadeira no Parlamento representando o distrito de Beauce.
Bernier se diz um libertário economicamente. Segundo informações da emissora pública CBC, no início do mês, em um ato de campanha na Ilha do Príncipe Eduardo, ele prometeu reduzir impostos para pessoas físicas e jurídicas e eliminar os que incidem sobre investimentos.
Também disse que vai acabar com o déficit do governo ao cortar 60 bilhões de dólares canadenses (US$ 43 bilhões) em gastos, incluindo benefícios a empresas, a ajuda à Ucrânia, recursos para a CBC, transferências para as províncias, programas para populações indígenas e subsídios para ações de diversidade, equidade e inclusão (DEI).
Bernier recebeu o apelido de “Mad Max” no mundo político canadense e em 2016 publicou no Instagram uma imagem na qual aparecia caracterizado como o protagonista da franquia.
“Sabe, algumas pessoas gostam de me chamar de Mad Max, como no filme. Elas podem achar que é um insulto. Mas deixa eu te dizer uma coisa: é verdade. Eu estou louco [mad, em inglês]!”, escreveu Bernier na publicação.
“Eu estou louco com os desperdícios do governo! Eu estou louco com o governo pegando dinheiro emprestado às custas das gerações futuras, para beneficiar grandes corporações! Eu estou louco porque os liberais estão destruindo as finanças do nosso país e o futuro da nossa nação! Eu estou louco porque o governo liberal reduz nossos salários com impostos altos e tira nossa liberdade”, escreveu o libertário.
Em 2021, Bernier foi preso por participar de uma manifestação contra o lockdown da Covid-19 na província de Manitoba e no ano seguinte apoiou os protestos dos caminhoneiros contra a exigência de vacinação contra o coronavírus imposta pelo então premiê Justin Trudeau.
Ele é contra a “imigração em massa” para o Canadá, a “ideologia woke” e o que chamou de “alarmismo” sobre o aquecimento global.
Bernier criticou as sanções do Canadá contra a Rússia devido à guerra na Ucrânia, apesar de ter chamado o ditador russo Vladimir Putin de “tirano brutal”.
“Em vez de ouvir o outro lado e tomar medidas para tranquilizar os russos, nós erramos e os transformamos em inimigos. E os jogamos nos braços dos chineses”, afirmou, numa conferência em Toronto em 2022.
“As drásticas sanções financeiras contra a Rússia também encorajaram muitos países do Sul Global a desconfiar ainda mais do Ocidente”, alegou.
Este ano, Bernier afirmou que o Canadá não deveria retaliar as tarifas impostas por Trump. “A coisa mais estúpida que nosso governo pode fazer para lidar com esta crise é impor o mesmo tipo de tarifas ‘dólar por dólar’ contra as importações dos EUA”, afirmou num comunicado do PPC.
“A economia dos EUA é dez vezes maior que a nossa, muito menos dependente do comércio exterior do que a nossa e muito menos dependente do nosso mercado do que nós do deles”, alegou.
Bernier testará a força das suas ideias junto à população canadense no final do mês, mas por ora as pesquisas não lhe dão muito esperança: a maioria dos levantamentos tem colocado o PPC com no máximo 2% de preferência do eleitorado.







