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Nicolas Maduro, ao lado de sua esposa Cilia Flores, durante evento comemorativo do bicentenário do Congresso de Angostura no Palácio de Miraflores em Caracas | MARCELO GARCIA/AFP
Nicolas Maduro, ao lado de sua esposa Cilia Flores, durante evento comemorativo do bicentenário do Congresso de Angostura no Palácio de Miraflores em Caracas| Foto: MARCELO GARCIA/AFP

O ditador venezuelano Nicolás Maduro afirmou que autoridades de seu governo se reuniram com o enviado do presidente dos EUA à Venezuela, Elliott Abrams, e estenderam um convite para que ele visitasse a Venezuela, segundo informou a Associated Press na quinta-feira.

Segundo Maduro, o ministro venezuelano das Relações Exteriores, Jorge Arreaza, encontrou Abrams duas vezes e convidou o enviado norte-americano a visitar o país "privada, pública ou secretamente". 

"Se ele quer se encontrar, apenas me diga quando, onde e como e eu estarei lá", Maduro disse à AP, acrescentando que espera encontrar Trump. 

Um porta-voz do Departamento de Estado não quis confirmar que Maduro fez um convite a Abrams, mas disse ao Washington Post, por e-mail, que "não deve ser nenhuma nenhuma surpresa que funcionários do Departamento de Estado troquem opiniões com uma grande variedade de interlocutores estrangeiros, especialmente enquanto nós continuamos a tomar todos os passos para garantir a segurança e a proteção da equipe da Embaixada americana em Caracas". 

O primeiro encontro foi em 26 de janeiro. Dois funcionários do alto escalão venezuelano, que não têm autorização para falar publicamente, descreveram a reunião como hostil. Na ocasião, segundo eles, Abrams ameaçou enviar tropas para a Venezuela e punir Caracas por suposta aliança com Cuba, Rússia e o Hezbollah.  

Quando eles se encontraram novamente, na última segunda-feira, a atmosfera ficou menos tensa, embora o encontro tenha sido quatro dias após Abrams dizer que o "prazo para o diálogo com Maduro já havia passado". 

Apesar da "dura" retórica de Washington sobre a impossibilidade de dialogar com o governo Maduro, os venezuelanos viram as reuniões como um sinal de que há espaço para discussão com os americanos.

Crise venezuelana

A Venezuela está submersa em uma crise política que se aprofundou no mês passado, quando o líder da oposição, Juan Guaidó, declarou-se presidente interino. Os Estados Unidos e outras potências estrangeiras reconheceram Guaidó como o líder da Venezuela, mesmo quando Maduro, que foi reeleito no ano passado após uma eleição fraudulenta, se recusa a renunciar. 

A recente turbulência política surgiu após anos de crise econômica, incluindo a hiperinflação, que fez os custos dos produtos básicos dispararem. Alimentos e remédios logo ficaram fora do alcance de muitos venezuelanos. Milhões de pessoas fugiram do país nos últimos anos e os que ficaram estão agora no meio de uma crise humanitária. 

Maduro culpa a "mão infectada" de Trump pelas aflições da Venezuela, dizendo à AP que as sanções americanas sobre a indústria petroleira da Venezuela, uma vez próspera, são os motivos para os problemas do país. 

O governo de Maduro está se recusando a permitir a entrada da ajuda humanitária doada pela oposição, mesmo com milhões de pessoas passando fome. Esta semana, seu governo anunciou que em breve receberia 933 toneladas de "produtos de saúde" da China e de Cuba. 

Na entrevista para a AP, Maduro disse que a ajuda organizada pela oposição, que inclui contribuições dos Estados Unidos, equivale a "migalhas". 

"Eles nos enforcam, roubam nosso dinheiro e dizem 'aqui, pegue essas migalhas' e façam um show global", disse ele, acrescentando que não tem "medo" do que pode vir a seguir. "Eu só estou preocupado com o destino da pátria e do nosso povo, nossos meninos e meninas ... isso é o que me dá energia."

Cuba denuncia movimento de tropas dos EUA no Caribe 

Nesta quinta-feira (14), o governo cubano acusou os Estados Unidos de realizarem movimentações militares no Caribe com o objetivo de preparar uma intervenção na Venezuela para derrubar Maduro.

"Entre 6 e 10 de fevereiro, aviões militares voaram de Porto Rico para a República Dominicana e outras ilhas do Caribe, provavelmente sem o conhecimento desses países", disse o governo cubano, em nota. "Esses voos saíram de instalações militares especiais para operações de elite." 

O governo dominicano, no entanto, negou que os voos tenham passado pelo país. Os militares americanos também rejeitaram as acusações de Havana. 

"Apesar de dizer que todas as opções estão na mesa, o governo americano deixa nas entrelinhas que prefere uma saída política. Trump diz no Twitter que Maduro aceita negociar, (John) Bolton diz que Maduro pode se aposentar numa praia, e assim por diante", disse ao Estado Geoff Ramsey, especialista em Venezuela do Washington Office on Latin America (Wola). "Uma intervenção americana na Venezuela seria muito impopular, tanto nos Estados Unidos quanto no exterior." 

Com informações do Washington Post e Estadão Conteúdo.

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