
Roma - A máfia é a empresa mais bem-sucedida da Itália, com faturamento maior do que todas as empresas do país em 2008, segundo apontou um relatório divulgado ontem pela Confesercentio. "A máfia é um grande holding, que tem um faturamento de 130 bilhões de euros e um lucro aproximativo de 70 bilhões de euros", diz o documento da Confesercenti, uma associação de empresas que reúne cerca de 270 mil comerciantes e artesãos especializados no turismo. "Ao contrário das demais empresas, a máfia não foi atingida pela crise econômica e financeira internacional", destacou o texto.
"A crise torna a máfia mais perigosa", alertou o presidente da associação, Marco Venturi, ao apreesentar o relatório. "A máfia pode se aproveitar da fraqueza das empresas e das incertezas da economia para consolidar suas posições", avisou.
"Sua grande capacidade financeira lhe permite conquistar novos mercados, de se aproveitar da crise da liquidez, e de adquirir imóveis e empresas", prossegue o texto.
As principais fontes de recursos da máfia são o tráfico de drogas (59 bilhões de euros), a usura (12,6 bilhões de euros), e a extorsão (9 bilhões de euros). Vêm em seguida o tráfico de armas (5,8 bilhões de euros), o contrabando (1,2 bilhão de euros), e a prostituição (seis milhões de euros).
Cerca de 180 mil comerciantes foram achacados por mafiosos em 2008. De acordo com o relatório, a máfia está muito presente no setor da construção imobiliária, onde investe 37,5% de seus benefícios, no comércio a varejo e na restauração, nos quais investe 20% de seus lucros.
A máfia é dividida em quatro grandes "holdings": a máfia siciliana (Cosa Nostra), a máfia napolitana (Camorra), a máfia calabresa (Ndrangheta), e a máfia de Puglia (Sacra Corona Unita). "Essas quatro holdings se dividem em pequenas e médias empresas, autônomas umas das outras mas subordinadas à mesma organização", afirma o relatório.
Em setembro de 2007, a Cofindustria, a organização dos patrões italianos, deu um passo decisivo na luta contra a máfia ao anunciar a expulsão dos diretores das empresas que aceitam pagar o "pizzo", o imposto mafioso.
O estudo explica ainda que, por exemplo, na província de Nápoles, no sul da Itália, foram localizadas 2.500 padarias ilegais e que o pão destes estabelecimentos é o mais vendido, "apesar de ser mais caro que nos outros negócios".
Também foi calculado que as infiltrações mafiosas na venda de peixes, excluindo a pesca ilegal, chegam a faturar 2 bilhões de euros, com 8.500 estabelecimentos com vínculos com o crime organizado.



