Magnatas do Vale do Silício planejam “cidade ideal” na Califórnia, mas esbarram na realidade

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Há alguns anos, a empresa California Forever, formada por alguns investidores bilionários do Vale do Silício, entre eles a viúva de Steve Jobs, Laurene Powell, e um dos fundadores do Linkedin, Reid Hoffman, começou a comprar uma vasta porção de terra no condado de Solano, no norte californiano.

A iniciativa misteriosa chamou a atenção de políticos americanos e até do Ministério da Defesa, que possui uma área militar na região.

Ao todo, nos últimos cinco anos, foram comprados oito mil hectares de campos agrícolas a um valor aproximado de US$ 800 milhões (cerca de R$ 4 bilhões, na cotação atual), segundo reportagem do jornal espanhol El País.

Com isso, a empresa se tornou a maior proprietária de terras em todo o condado, que está localizado a apenas 100 quilômetros de San Francisco.

Após os burburinhos crescerem entre os 450 mil moradores que habitam na região, a empresa finalmente anunciou o objetivo da compra milionária: construir uma cidade do zero.

Na proposta de construção, os magnatas afirmam que os moradores do condado vão encontrar “mais oportunidades de viver em comunidades seguras, sustentáveis e com empregos bem remunerados”.

“O leste de Solano, onde a cidade — ainda sem nome — será construída, tem baixo risco de incêndio e está estrategicamente localizado no centro da parte norte da Califórnia”, diz um trecho do projeto apresentado pelos magnatas.

Mas, apesar da boa apresentação, os investidores ainda precisam convencer os cidadãos americanos e os políticos do estado sobre a viabilidade do “empreendimento”.

Ao jornal americano New York Post, autoridades locais afirmaram que a porção de terra adquirida é bem diferente da realidade apresentada pelo grupo.

A área é formada por terrenos agrícolas secos e inóspitos, constantemente atingidos por ventos fortes, e é rodeado de turbinas e poços de petróleo abandonados.

Na primeira reunião realizada com políticos da Califórnia, o plano não foi visto com tanto “encanto” pelos representantes.

Em entrevista ao New York Post, um dos principais críticos do projeto, o deputado democrata John Garamendi, disse que os investidores “não deram qualquer indicação de como a cidade seria governada”.

Para ele, a ideia sairia extremamente cara e enfrentaria diversos desafios, incluindo a falta de infraestrutura local e limitações de construção devido a regulamentos federais e locais que regem o desenvolvimento urbano no condado de Solano.

Ao jornal San Francisco Chronicle, outro deputado que se reuniu com os magnatas, Mike Thompson, também afirmou que não vê uma concretização do projeto a curto prazo. “Eles não têm planos, eles têm uma visão, uma ideia”, disse.

Diante do “desencanto” das autoridades, a empresa decidiu realizar pesquisas com os atuais residentes de Solano, visando “medir” a popularidade da medida, que projeta construir milhares de casas nos espaços hoje livres na região, e a resposta foi majoritariamente favorável ao projeto.

Os terrenos comprados representam quase o dobro da área onde se encontra a cidade de San Francisco, que vive uma grave crise de segurança, nos últimos anos, e tem levado muitos californianos para fora do estado.