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O bebê Xie Liu, de 8 meses de idade, recebe tratamento médico no hospital em Hefei, na província de Anhui | Stringer / Reuters
O bebê Xie Liu, de 8 meses de idade, recebe tratamento médico no hospital em Hefei, na província de Anhui| Foto: Stringer / Reuters

O balanço do número de crianças que adoeceram depois de ingerir leite contaminado na China já passou dos 53 mil. Ao mesmo tempo, o governo exigiu dura punição para os responsáveis pelo escândalo, que levantou muitos questionamentos acerca da segurança do setor de alimentos do país.

O chefe do órgão nacional encarregado de monitorar a qualidade dos produtos pediu demissão nesta segunda-feira (22). Li Changjiang se afastou com a aprovação do gabinete, informou a agência estatal Nova China. Ele será substituído por Wang Yong.

Mais de 80% das 12.892 crianças hospitalizadas nas últimas semanas tinham no máximo 2 anos, segundo o Ministério da Saúde. De acordo com um comunicado do ministério, a maioria consumiu alimentos infantis da empresa Sanlu Group Co., fabricante de laticínios que se encontra no centro de um dos piores escândalos da indústria de alimentos do país. Outras 39.965 crianças foram atendidas nos prontos-socorros dos hospitais e consideradas "basicamente recuperadas", segundo o ministério.

No final de semana, Hong Kong relatou o primeiro caso de vítima da contaminação fora da China continental - uma garota de 3 anos que desenvolveu pedras nos rins depois de beber produtos chineses derivados do leite. A menina já recebeu alta do hospital, segundo o governo de Hong Kong. Nesta segunda-feira, o governo de Hong Kong confirmou que um garoto de 4 anos era a segunda vítima confirmada do problema. O garoto estava hospitalizado e apresentava pedras nos rins.

Desde a descoberta da contaminação, há duas semanas, o governo chinês já recolheu das prateleiras dos supermercados os produtos de 22 empresas, nos quais os testes detectaram traços da substância química melamina. O Ministério da Saúde disse que a maioria das crianças hospitalizadas adoeceu depois de ingerir o alimento infantil da marca Sanlu. "Não foi encontrado nenhum caso decorrente da ingestão de leite líquido", informou.

A pasta não explicou o súbito aumento do número de casos, de 6 200 no sábado para quase 53 mil, mas sugeriu que as autoridades de saúde estão fazendo uma varredura nos registros hospitalares de maio a agosto, a fim de rastrear a origem da contaminação. As mortes dos três bebês relatadas até agora ocorreram nesses meses, de acordo com o ministério. A morte de um quarto bebê na região de Xinjiang, no extremo oeste do país, também foi ligada pelas autoridades regionais de saúde ao alimento infantil contaminado, embora não tenha sido incluída na contagem do ministério.

Segundo as investigações, algumas empresas da cadeia de laticínios adicionavam água para que o produto rendesse mais. Em seguida acrescentavam melamina, um produto químico usado na fabricação de plásticos, rico em nitrogênio. A fraude fazia com que o leite parecesse em teste com mais proteínas do que realmente possuía.

Também nesta segunda-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu regras mais rígidas para controlar a indústria de alimentos na China. Enviados do organismo discutiam com funcionários locais como melhorar o sistema de controle de qualidade da comida.

Os problemas com a qualidade e até mesmo a segurança dos produtos da indústria chinesa são recorrentes. Há apenas um ano, o sistema de fiscalização e segurança foi reestruturado, tentando restabelecer a confiança tanto dos consumidores internos quanto estrangeiros nos produtos. Na época, entre produtos que foram retirados do mercado, estavam creme dental contaminado, pneus para automóveis com defeito e outros bens de consumo.

Para demonstrar que tentava melhorar a qualidade, o governo chinês ordenou a execução do então chefe da agência de fiscalização de alimentos e remédios. O funcionário foi condenado por aceitar suborno para permitir a distribuição de medicamentos falsificados no mercado. A crise atual indica que os problemas não foram resolvidos. As informações são da Associated Press.

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