Johanesburgo A Anistia Internacional (AI) concedeu ontem, em Johanesburgo, o prêmio Embaixador da Consciência 2006 ao ex-presidente sul-africano Nelson Mandela. O prêmio é outorgado em reconhecimento à liderança individual excepcional na luta pela proteção e promoção dos direitos humanos universais. "Mandela simboliza tudo aquilo que é promissor e idealista na vida pública, mais do que qualquer outra pessoa viva", disse o porta-voz da instituição, Bill Shipsey.
Segundo o porta-voz, Mandela não apenas liderou o povo sul-africano, mas também renovou as esperanças do mundo inteiro. "Através de sua luta e vitória contra o regime segregacionista do apartheid, ele demonstrou que nenhum problema é impossível de ser resolvido", afirmou Shipsey.
Não é a primeiro vez que o líder sul-africano tem sua luta em prol dos direitos humanos reconhecida pela comunidade internacional. Em 1993, Mandela dividiu com o ex-presidente Frederik De Klerk o Nobel da Paz por sua contribuição à pacificação da África do Sul.
Nelson Mandela é a quarta personalidade mundial a receber o prêmio Embaixador da Consciência, adotado pela AI em 2003. Os outros premiados foram o grupo irlandês U2, o poeta e ex-presidente tcheco Vaclav Havel e a antiga Alta Comissária das Nações Unidas para os direitos humanos Mary Robinson.
Entrega
O prêmio foi entregue a Mandela pela Nobel de literatura Nadine Gordimer, também sul-africana, que elogiou o ex-presidente por sua disposição em viver e morrer pelos oprimidos e excluídos. "Anunciei meu afastamento da vida pública, mas nenhum de nós pode descansar plenamente com tanta injustiça e desigualdade no mundo", afirmou o líder. A escravidão, a segregação racial, os abusos contra as mulheres, a pobreza e outras formas de injustiça, precisam acabar para que, algum dia, "o mundo possa viver em harmonia", completou após receber o prêmio.
Mandela não é do tipo que guarda mágoas. Ele fez questão de elogiar a contribuição de um de seus algozes, o ex-presidente sul-africano P. W. Botha, morto na terça-feira (veja ao lado), para a construção de um governo de consenso na África do Sul.
Botha governou o país durante parte dos 28 anos que Mandela passou na prisão, de 1962 a 1990.



