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Canal RCTV da Venezuela sai do ar

Com lágrimas nos olhos, artistas, jornalistas e outros funcionários da emissora privada agradeceram ao público pelo apoio e por todas as demonstrações de solidariedade.

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Uma multidão acompanhou nesta quarta-feira (27), Dia Nacional do Jornalista, profissionais da imprensa venezuelanos que realizaram uma passeata pela liberdade de expressão e em defesa dos direitos civis, marcada por protestos contra o fim das transmissões da rede de TV venezuelana RCTV, no dia 27 de maio.

Os mais de 10 mil manifestantes, que ocuparam 12 quarteirões repletos de cartazes pedindo mais liberdade de expressão e o restabelecimento do sinal da RCTV, caminharam pelas principais avenidas de Caracas até a sede da rede de televisão, lembrando um mês do corte das transmissões.

Ao mesmo tempo, grupos governistas se reuniram na Praça Bolívar, no centro da capital, para celebrarem "a plena liberdade de expressão" que, na opinião deles, existe na Venezuela.

A passeata de oposição foi convocada por grupos ligados aos meios de comunicação, e a ela se juntaram partidos políticos, grupos civis, estudantes universitários e sindicatos contrários à "revolução" bolivariana. A multidão, que tomou as avenidas Libertador e Lecuna, protestou com calma e sem os tradicionais apitos e cornetas, pois a movimentação era para "refletir" sobre a liberdade no país, segundo a jornalista Ana María Fernández.

"Esta é uma rebelião popular pacífica e democrática, que reivindica (liberdade) a este governo sujo, que manchou nossa história como povo democrata", afirmou à imprensa Manuel Rosales, líder opositor e governador do estado de Zulia. Rosales, ex-candidato presidencial derrotado por Chávez nas eleições de dezembro, rejeitou a "divisão" que, segundo ele, está sendo promovida pelo governante. Para ele, a "Venezuela tem que recuperar o amor e os sonhos perdidos". "Está próximo o dia em que voltaremos a estar juntos, todos em uma só praça e uma só rua", afirmou Rosales, líder do partido Um Novo Tempo (UNT).

A grande mobilização opositora chegou às portas da sede da "RCTV", cujas transmissões foram interrompidas no dia 27 de maio à meia-noite, depois que sua última concessão, de 20 anos, venceu. O governo de Chávez não a prorrogou por considerar a emissora "golpista", entre outros argumentos.

"A 'RCTV' deve ser reaberta. Exigimos que volte ao ar e não desanimaremos até que (isto) se torne realidade. Temos a determinação de permanecer de pé na luta pela liberdade de expressão", dizia um manifesto lido por jornalistas aos participantes da marcha.

O documento afirmou que, atualmente, "é cada vez mais difícil" para a imprensa privada venezuelana "ter acesso às fontes de informação oficiais". A nota também afirma que os que informam estão sendo considerados criminosos "por denunciarem, por fazerem jornalismo crítico".

"A maior parte dos canais (de televisão) com cobertura nacional é controlada ou está fortemente ligada ao governo", e, "no ano passado, fomos obrigados a ver e escutar mil horas de cadeias oficiais de rádio e televisão", afirmaram os jornalistas em seu manifesto.

Por sua vez, os grupos que apóiam o governo reunidos na Praça Bolívar celebraram o fim da "RCTV", por considerarem que a medida oficial "democratizou o acesso aos meios de comunicação". A freqüência do canal 2, utilizada durante 53 anos pela "RCTV", foi outorgada pelo governo à nova "TVes", promovida como a primeira televisão de serviço público do país.

O ex-vice-presidente venezuelano e jornalista José Vicente Rangel disse que os que marcharam a favor da "RCTV" "estão condenados à derrota", pois, na sua opinião, "atualmente, há uma batalha de todos os povos (...) para colocar os meios de comunicação a serviço das maiorias e, não, de grupos econômicos".

Rangel disse que os manifestantes de oposição "não podem dizer que não há liberdade de expressão em um país que não tem jornalistas presos e em que nenhum dos comunicadores vai sofrer um processo militar, como ocorreu no passado".

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