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conflito

Manifestantes egípcios desafiam toque de recolher

Milhares saíram às ruas ignorando o estado de emergência imposto pelo presidente Mohamed Mursi. Onda de violência no país matou ao menos 51 pessoas em cinco dias

Manifestante diante de carro da polícia incendiado no Cairo. Cidade tem sido palco de confrontos violentos | REUTERS/Mohamed Abd El Ghany
Manifestante diante de carro da polícia incendiado no Cairo. Cidade tem sido palco de confrontos violentos (Foto: REUTERS/Mohamed Abd El Ghany)

Milhares de manifestantes egípcios ignoraram na segunda-feira (28) um toque de recolher e saíram às ruas de cidades ao longo do canal de Suez, desafiando o estado de emergência imposto pelo presidente islâmico Mohamed Mursi após uma onda de violência que matou pelo menos 51 pessoas em cinco dias.

Na segunda-feira, um homem foi morto no Cairo, e outro em Port Said. Mursi propôs um diálogo nacional para tentar acalmar a situação, mas a oposição rejeitou a oferta.

Os protestos contra Mursi e sua Irmandade Muçulmana coincidem com o segundo aniversário da rebelião popular que derrubou o regime de Hosni Mubarak. Multidões saíram às ruas do Cairo, de Alexandria e de três cidades do canal de Suez - Port Said, Ismailia e Suez - nas quais Mursi impôs o estado de emergência e o toque de recolher.

"Abaixo, abaixo Mohamed Mursi! Abaixo, abaixo o estado de emergência", gritavam os manifestantes em Ismailia. No Cairo, os participantes do protesto incendiaram carros da polícia.

Em Port Said, homens atacaram delegacias de polícia após o anoitecer. Uma fonte de segurança disse que alguns policiais e soldados ficaram feridos. Uma fonte médica disse que um homem foi morto nos distúrbios.

"O povo quer derrubar o regime", gritava a multidão em Alexandria, ecoando a palavra de ordem da revolução contra Mubarak.

Os manifestantes acusam Mursi de ter traído a revolução popular de 2011, enquanto o presidente e seus aliados recriminam os manifestantes por tentarem derrubar o primeiro líder democraticamente eleito na história egípcia.

Nos últimos dois anos, os políticos islâmicos venceram dois referendos, duas eleições parlamentares e uma votação presidencial. Mas essa legitimidade tem sido contestada por oposicionistas que acusam Mursi de impor uma nova forma de autoritarismo. Repetidas crises políticas desde a queda de Mubarak têm impedido a estabilização do Egito, mais populoso país do mundo árabe.

O Exército já foi mobilizado em Port Said e Suez, e o governo autorizou os militares a prenderem civis, como parte do estado de emergência.

Uma fonte do gabinete de Mursi disse à Reuters que pessoas presas nessas circunstâncias serão submetidas a tribunais civis, e não à Justiça militar. Mesmo assim, a autorização deve enfurecer manifestantes que acusam Mursi de usar táticas semelhantes às de Mubarak, que governou por três décadas sob um estado de emergência que lhe permitia perseguir a oposição.

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