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Os marinheiros britânicos libertados na quarta-feira (4) pelo Irã foram capturados quando realizavam principalmente tarefas de inteligência e espionagem sobre atividades iranianas, revelou um dos militares ao canal de televisão SkyNews, em uma entrevista concedida antes de serem detidos e só difundida nesta quinta-feira (5).

"Também recolhemos informações", explicou o capitão Chris Air ao canal britânico, ao acrescentar que estes dados diziam respeito "principalmente a todo tipo de atividades iranianas na zona".

"Esta missão se justifica pelo fato de que evidentemente estamos muito perto da zona-tampão com o Irã", acrescentou, na ocasião.

Os 15 marinheiros britânicos ficaram detidos durante duas semanas. Eles disseram nesta quinta-feira que seu cativeiro foi muito difícil, segundo um comunicado conjunto difundido depois de sua volta para a Inglaterra.

"As últimas duas semanas foram muito difíceis, mas estando unidos como uma equipe mantivemos o ânimo", afirma a mensagem, que foi lida por um oficial militar assim que os soldados reencontraram seus familiares numa base do sudoeste da Inglaterra.

Retorno

O vôo que transportava os 15 militares britânicos libertados pelo Irã após duas semanas de tensão chegaram à Inglaterra nesta quinta-feira (5).

O avião, que vinha de Teerã, aterrissou no aeroporto de Heathrow às 8h (horário de Brasília).

Os 15 marinheiros foram transferidos para helicópteros militares e seguiram para uma base em Chivenor, Devon, para encontrar seus familiares e prestar depoimento.

Os militares haviam sido detidos pelas forças do Irã sob a acusação de invadir as águas iranianas.

Alívio

O primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, manifestou nesta quinta-feira sua alegria pelo retorno dos militares detidos no Irã, mas lamentou a morte de quatro soldados do Reino Unido nesta manhã, no Iraque.

Em declaração em frente à Downing Street, Blair afirmou que é cedo para estabelecer as circunstâncias dessas mortes, mas acusou "elementos" iranianos de apoiar e armar "terroristas" que atuam contra as forças britânicas, que, segundo ele, estão no Iraque a pedido do governo iraquiano e por mandato da ONU.

Na quarta-feira, Blair saudou o anúncio da libertação dos militares capturados pelo Irã afirmando que não houve negociação para este "presente" inesperado do presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad.

À véspera de um fim de semana prolongado de Páscoa na Grã-Bretanha, Blair disse ontem que estava satisfeito com a libertação dos 14 homens e uma mulher anunciada em entrevista de imprensa pouco antes em Teerã.

"Desde o início, adotamos uma aproximação moderada -firme mas calma, não de negociação, nem de confrontação", acrescentou o primeiro-ministro britânico, em breve declaração em frente ao Downing Street.

As notícias da libertação dos marinheiros, 13 dias após sua captura, é um "alívio profundo", insistiu.

Ele agradeceu todos os que trabalharam pela libertação, a Europa, o Conselho de Segurança da ONU e também "os aliados na região". Não disse mais nada, no entanto o canal de televisão Sky News afirmou nesta quarta-feira que a Síria e o Qatar haviam desempenhado um papel-chave na resolução da crise.

"Desejamos resolver de modo pacífico todos os desacordos que temos com seu governo, por diálogo", disse Blair, dirigindo-se ao povo iraniano.

Libertação

Os 15 marinheiros britânicos foram libertados pelo governo iraniano na quarta-feira. Eles estavam presos desde o último dia 23, quando patrulhavam o Golfo Pérsico. Antes de serem soltos, Ahmadinejad conversou com cada um deles publicamente e em frente às câmeras de emissoras de televisão.

Ahmadinejad sorriu quando se encontrou com um dos presos. E disse brincando: "Como você está?... Então você veio em férias obrigatórias". Ele deu ainda "boa sorte" aos britânicos.

Os homens vestiam ternos em vez dos uniformes que haviam usado e Faye Turney, a única mulher do grupo, usava um véu azul com camisa rosa escuro. A crise

O Irã acusou a Grã-Bretanha de ter invadido suas águas no último dia 23. O governo britânico, porém, disse que os militares estavam em águas iraquianas.

Neste período de prisão, a Grã-Bretanha sempre manteve a sua posição. Já alguns dos militares presos apareceram na TV iraniana pedindo desculpas por ter invadido o espaço iraniano sem autorização. Este fato foi repudiado pelo governo britânico, que declarou que seus marinheiros foram obrigados.

Nesta quarta, durante a entrevista coletiva, Ahmadinejad fez um pedido ao primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair.

"Peço ao senhor Blair que não puna os soldados com a acusação de aceitarem falar a verdade", disse ele em referência às "confissões" gravadas dos 15 marinheiros e fuzileiros-navais dizendo que haviam entrado em águas iranianas.

O perdão do Irã, porém, aconteceu só depois de Ahmadinejad premiar três de seus militares exatamente por terem prendido os 15 britânicos.

O presidente do Irã disse ainda que está "triste" pelo que chamou de violação da fronteira iraniana pelos britânicos e disse lamentar que Londres não teve "coragem suficiente" para admitir seus atos.

"O governo iraniano lamenta que o governo britânico não é corajoso suficiente para confessar seu erro de entrar em águas iranianas", disse Mahmoud Ahmadinejad em uma entrevista coletiva, acrescentando que a nação iraniana estava "triste" pela ação britânica.

Estados Unidos

O presidente dos EUA George W. Bush saudou o anúncio feito pelo Irã quanto à libertação dos marinheiros britânicos, informou a Casa Branca.

"Como o primeiro-ministro Blair, o presidente Bush saúda a notícia", declarou a porta-voz da Casa Branca, Dana Perino.

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