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Após mais de uma década de Justin Trudeau no cargo de primeiro-ministro do Canadá, os Liberais escolheram neste domingo (9) um novo nome para liderá-los e enfrentar eleições gerais: Mark Carney.
O ex-banqueiro, de 59 anos, que nunca assumiu cargos políticos eletivos, é visto como uma esperança na legenda para enfrentar as tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump.
Ele mesmo afirmou que sua experiência como a primeira pessoa a servir como governador de dois bancos centrais – do Canadá e da Inglaterra – significava que ele era o melhor candidato para lidar com o país vizinho em sua guerra comercial.
O fato mais surpreendente de seu currículo é justamente sua atuação como banqueiro. Em 2013, Carney se tornou a primeira pessoa não britânica a assumir o cargo de presidente do Banco da Inglaterra em mais de 300 anos de história. Antes disso, em 2007, atuou como líder do Banco do Canadá, seu país natal, durante a Grande Recessão.
Carney se formou em economia na Universidade de Harvard, com o auxílio de uma bolsa de estudos. Em 1995, ele obteve seu PhD na mesma área pela Universidade de Oxford, outra instituição renomada da Inglaterra.
Em 2020, quando deixou o Banco da Inglaterra, passou a atuar como enviado especial na ONU para influenciar o setor privado no investimento de políticas climáticas.
Durante a campanha para se tornar a nova liderança da legenda, o agora eleito afirmou que apoiava tarifas retaliatórias "dólar por dólar" contra os EUA e um plano coordenado para impulsionar investimentos no país. Carney fez duras críticas a Trudeau dizendo que o crescimento do Canadá durante sua gestão "não era bom o suficiente".
Na votação realizada entre os 400 mil filiados à legenda, dos quais cerca de 150 mil foram às urnas, Carney superou por ampla margem (85,9% a 8%) a ex-vice-primeira-ministra e ex-ministra das Finanças Chrystia Freeland, cuja renúncia aos cargos, em dezembro do ano passado, desencadeou a crise que culminou no pleito deste domingo.
Carney recebeu o apelido de "conservador light" por seu posicionamento mais centrista, diferente de Trudeau. Suas principais propostas envolvem o equilíbrio do orçamento, com a redução dos gastos do governo e uma reforma do sistema tributário, além de uma política de maior controle migratório.
A legenda superou uma impopularidade crescente observada até o início deste ano, quando o partido estava mais de 20 pontos percentuais atrás dos conservadores. Agora, os dois lados aparecem estatisticamente empatados nas pesquisas eleitorais, principalmente pela proximidade do candidato adversário Pierre Poilievre com a figura de Donald Trump.
A próxima eleição geral do Canadá está marcada para outubro, mas pode ser antecipada com a escolha do novo líder liberal, que assumirá o cargo de primeiro-ministro no lugar de Justin Trudeau nas próximas horas.
Depois de ser declarado o novo líder da legenda, Carney disse que “o Partido Liberal do Canadá está unido, forte e pronto para lutar para construir um país ainda melhor” e citou várias vezes o presidente dos EUA Donald Trump, e suas ameaças contra a economia e a soberania do país.
“Meu governo colocará em ação um plano para construir uma economia mais forte e novas relações comerciais com parceiros comerciais confiáveis”, disse Carney, além de ressaltar que o Canadá não pode deixar Trump "ter êxito" nas ameaças.
O Partido Liberal está em minoria no Parlamento canadense, cujo mandato foi prorrogado por Trudeau em janeiro e só vai retomar suas sessões em 24 de março.
Os três partidos de oposição - Partido Conservador, o social-democrata Novo Partido Democrático (NPD) e o pró-soberanista Bloco Quebequense (BQ) - já anunciaram que pretendem forçar eleições antecipadas.
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