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Cruzamento de avenidas na hora do rush em Los Angeles, em meio à pandemia de coronavírus, 27 de abril de 2020
Cruzamento de avenidas na hora do rush em Los Angeles, em meio à pandemia de coronavírus, 27 de abril de 2020| Foto: Robyn Beck / AFP

O cientista do governo americano Rick Bright, ex-diretor da agência dos EUA encarregada do desenvolvimento de medicamentos e vacinas para o novo coronavírus, protocolou uma denúncia nesta terça-feira (5) alegando que o governo americano ignorou alertas feitos por ele sobre o vírus no início da pandemia. Ele acusa ainda o governo Trump de retaliação.

Bright diz na denúncia, apresentada a uma entidade de fiscalização do governo, que alertou sobre a ameaça do novo coronavírus em janeiro e foi tratado com hostilidades pelo secretário de Saúde e Serviços Humanos (HHS), Alex Azar, e outras autoridades da agência do governo federal.

A denúncia foi feita ao Gabinete de Assessoria Especial dos EUA, uma agência federal independente de investigação. O documento, divulgado na íntegra pela imprensa americana, diz que "o Dr. Bright agiu com urgência para começar a enfrentar essa pandemia mas encontrou resistência da liderança do HHS, incluindo do secretário Azar, que parecia empenhado em minimizar essa ameaça catastrófica".

Bright alega que levantou preocupações urgentes sobre a falta de insumos médicos fundamentais para seus superiores mas foi recebido com ceticismo. Ele reconhece que algumas autoridades compartilharam as suas preocupações, mas descreve uma falta de ação generalizada no mais alto escalão do governo quando o vírus começava a se espalhar para fora da China.

"Eu sofri pressão para deixar que a política e o favoritismo conduzissem as decisões em vez das opiniões dos melhores cientistas que temos no governo", Bright disse em entrevista por telefone com jornalistas, segundo a CNN.

O documento de acusação afirma ainda que algumas autoridades do HHS tentaram promover a hidroxicloquina (um medicamento contra malária que tem sido testado para o tratamento de Covid-19) como uma "panaceia". As autoridades também teriam "exigido que Nova York e New Jersey fossem inundadas com esses medicamentos, que são importados de fábricas no Paquistão e na Índia que não foram inspecionadas pelo FDA [agência federal dos EUA que supervisiona a segurança de alimentos e medicamentos]".

O especialista em vacinas e terapêutica se opôs à decisão de usar o medicamento amplamente e "sentiu a necessidade urgente de informar o público americano que não havia dados científicos suficientes para apoiar o uso desses medicamentos" para pacientes de Covid-19, "especialmente por causa de sua importação de fábricas estrangeiras que não foram inspecionadas pelo FDA", diz a acusação.

Bright foi demitido no final de abril do cargo que ocupava desde 2016 como diretor da agência responsável pelas pesquisas para uma vacina para Covid-19, a Autoridade de Desenvolvimento e Pesquisa Avançada em Biomedicina. Na ocasião, ele alegou que a demissão foi causada em parte devido à sua resistência em ampliar a disponibilidade do tratamento ao coronavírus defendido pelo governo Trump. Ele foi transferido para uma posição mais baixa no Instituto de Saúde Nacional.

O cientista deve testemunhar no congresso americano na próxima semana, de acordo com a CNN.

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