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Saúde

Médico italiano desliga respirador de doente terminal

Um médico italiano afirmou na quinta-feira que desligou o sistema de suporte de vida de um doente terminal que havia perdido uma batalha jurídica para ter seu respirador desconectado. Mas o médico negou que tivesse cometido um ato ilegal de eutanásia.

Piergiorgio Welby, que completaria 61 anos na próxima semana, sofria de distrofia muscular avançada, uma doença responsável por deixá-lo paralisado, mas consciente.

Os pedidos dele para morrer provocaram na Itália, um país majoritariamente católico, um debate acalorado sobre o direito de alguém de tirar a própria vida.

``O caso de Welby não é um caso de eutanásia. Trata-se do caso de um paciente que se recusa a aceitar o tratamento médico'', afirmou o anestesista Mario Riccio, em uma entrevista coletiva.

Riccio disse ter administrado um coquetel intravenoso de sedativos em Welby antes de desconectar o respirador. O médico de 47 anos afirmou não acreditar que tenha infringido alguma lei, mas se colocou à disposição da Justiça para responder perguntas sobre a morte de seu paciente.

A eutanásia, contra a qual se opõe o Vaticano, é proibida na Itália. Apenas a Suíça, a Holanda, a Bélgica e o Estado norte-americano Oregon permitem a prática do suicídio assistido para os doentes terminais.

Médicos que realizam a eutanásia podem ser condenados a até 15 anos de prisão na Itália. Mas médicos e políticos favoráveis a Welby disseram que a Constituição italiana garantia a todos os pacientes o direito de recusar receber tratamento.

``Welby conseguiu o que pedia havia 88 dias'', afirmou Marco Cappato, um político esquerdista que integra o Parlamento Europeu e que é secretário da associação pró-eutanásia Luca Coscioni.

Expressando-se por meio de um computador que interpretava seus movimentos de olho, Welby apareceu em programas de TV e escreveu para o presidente da Itália pedindo para morrer.

'Sofrimento injustificado'

O advogado de Welby, Riccardo Maia, afirmou à Reuters ter sido surpreendido com a notícia da morte dele.

``Como advogado, me senti muito triste e muito frustrado'', disse Maia. ``A contribuição de Piergiorgio Welby continuará na batalha por liberdade e pelo respeito à Constituição.''

No último final de semana, um tribunal de Roma rejeitou o pedido de Welby para ter seu respirador desconectado.

Promotores questionaram essa decisão, citando um artigo da Constituição segundo o qual ninguém poderá ser obrigado a aceitar tratamento médico.

Na opinião dos promotores, os médicos, conforme determina seu código de ética, devem poupar os doentes terminais de sofrimentos injustificados quando a situação deles não puder ser melhorada e a morte for inevitável.

Mas, na quarta-feira, um órgão do Ministério da Saúde rejeitou o pedido de desligar os aparelhos de suporte de vida de Welby.

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