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Despedida de Francisco

Médico relata últimos momentos do papa e revela seu desejo de “morrer em casa”

Papa Francisco
Papa Francisco em sua última aparição pública, no domingo de Páscoa (20) (Foto: EFE/ Angelo Carconi)

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Sergio Alfieri, médico da Policlínica Gemelli, em Roma, e coordenador da equipe que tratou o papa Francisco, revelou nesta quinta-feira (24) alguns detalhes dos últimos momentos do pontífice em vida.

"Entrei em seu quarto e seus olhos estavam abertos. Verifiquei que ele não corria riscos e tentei chamá-lo, mas ele não atendeu", disse, explicando que foi decidido então não levá-lo ao hospital porque seu desejo era "morrer em casa".

"Ele não respondeu a nenhum estímulo, nem mesmo aos dolorosos. Naquele momento, percebeu que não conseguia fazer mais nada. Estava em coma", explicou Alfieri em declarações publicadas na imprensa italiana.

O médico comentou ainda que, em caso de perda de consciência, a ordem era "seguir as instruções de seu assistente pessoal de saúde, Massimiliano Strappetti, que era como um filho para o Santo Padre" e que essas diretrizes não previam "nenhuma crueldade terapêutica".

“Durante sua última internação, ele pediu expressamente que não fosse feita intubação em hipótese nenhuma”, o que “o teria ajudado a respirar, mas teria sido difícil voltar e extubá-lo, com os pulmões infectados pelo vírus”, declarou Alfieri.

O médico Alfieri continuou: "Na segunda-feira, por volta das 5h30 da manhã, recebi um telefonema de Strappetti: 'O Santo Padre está muito doente, precisamos voltar para Gemelli'. Avisei a todos com antecedência e, 20 minutos depois, estava lá em Santa Marta; parecia difícil imaginar que seria necessária uma hospitalização".

"Corríamos o risco de ele morrer durante a transferência. Expliquei a ele que a hospitalização teria sido inútil. Strappetti sabia que o papa queria morrer em casa; ele sempre dizia isso quando estávamos na Gemelli. Ele morreu logo depois", contou Alfieri.

Em outra entrevista, o médico destacou que Francisco “nunca se expõe ao perigo”.

"É como se, perto do fim, ele tivesse decidido fazer o que tinha que fazer. Como aconteceu no domingo de Páscoa, quando aceitou a proposta de seu assistente pessoal de saúde de dar a volta na praça no meio da multidão", acrescentou.

Sobre a causa da morte, Alfieri explicou que "foi um daqueles infartos que te levam em uma hora. Talvez tenha ocorrido uma embolia e bloqueado um vaso sanguíneo no cérebro. Talvez tenha ocorrido uma hemorragia. São eventos que podem acontecer com qualquer pessoa, mas os idosos correm maior risco, especialmente se não se movimentarem muito".

De acordo com a certidão de óbito, assinada por Andrea Arcangeli, diretor de Saúde e Higiene do Estado da Cidade do Vaticano, o papa morreu às 7h35, horário local (2h35 de Brasília), do dia 21 de abril, em seu apartamento, a residência vaticana Casa Santa Marta, devido a um derrame, que derivou no coma e depois em uma parada cardíaca.

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