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Médicos bolivianos se declararam em greve na quinta-feira e atenderam gratuitamente em barracas durante um protesto contra a presença de profissionais cubanos enviados por Fidel Castro para oferecer tratamento sem custo no país mais pobre da América do Sul.

Dezenas de médicos cubanos chegaram à Bolívia em fevereiro para ajudar as vítimas de uma onda de inundações, e aproximadamente 600 médicos do país caribenho trabalham atualmente em clínicas oftalmológicas e áreas rurais remotas aonde não chegam os serviços sanitários do Estado boliviano.

No entanto, os aplausos de muitos pacientes se contrapõem ao protesto dos médicos bolivianos, que temem que seus empregos estejam sendo retirados.

- Cremos que a saúde do povo boliviano deveria ser manejada pelos bolivianos - disse Fernando Arandia, presidente do Colégio Médico da Bolívia, que convocou a greve de 24 horas.

- Queremos evitar o que aconteceu na Venezuela, onde o que começou com 600 médicos cubanos terminou com cerca de 27.000. Não vamos permitir que isso aconteça - acrescentou.

O presidente Evo Morales tem proximidade com Fidel e com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, desde que assumiu o cargo em janeiro. Os dois líderes esquerdistas aumentaram o auxílio à Bolívia nos últimos meses.

Morales, que afirmou que os médicos bolivianos querem clientes antes de pacientes, aplaudiu o trabalho dos cubanos e com freqüência agradece a Fidel por enviar essa ajuda sem custos para a Bolívia.

Os médicos bolivianos dizem que os cubanos não têm os certificados necessários para trabalhar no país.

- Nos sentimos desvalorizados no nosso próprio país. A responsabilidade do cuidado da saúde está sendo dada a gente que não tem documentos legais nem respaldo legal - afirmou Andrés Pacheco, secretário-geral do Colégio Médico de La Paz.

No hospital geral de La Paz, os médicos em greve instalarão barracas em um estacionamento dizendo que não desejam prejuízo aos pacientes por causa do protesto.

Mesmo assim, muitos pacientes falaram bem dos cubanos.

- Dou graças a Deus porque eles vieram ajudar gente pobre como nós. Graças a eles recuperei minha visão e posso continuar trabalhando - afirmou Margarita Moya, uma mãe de 50 anos que esperava ser atendida por médicos cubanos em uma clínica oftalmológica.

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