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Com o encerramento das campanhas eleitorais na disputa pelo domínio do congresso da Venezuela, cuja votação ocorre no próximo domingo (26), entrou em vigor nesta quinta-feira (23) a proibição temporária de porte de armas, e a partir da sexta-feira (24) começa a valer uma lei seca que proíbe totalmente a venda de bebidas alcoolicas.

As medidas visam evitar confrontos entre os opositores ideológicos do governo e os chavistas. A lei seca é válida até terça-feira (28) e a proibição de portar armas fica em vigor até a quarta.

As proibições chegam em um momento em que os ânimos políticos podem se exaltar na disputa pelo poder, quando a oposição tenta diminuir a força do presidente Hugo Chávez. Além disso, ela são marcantes por conta da onda de violência sem precedentes que atinge o país, que se tornou uma das prioridades das campanhas eleitorais e que deixa os venezuelanos em alerta às vésperas da votação. Apenas as Forças Armadas e os responsáveis pela segurança do pleito podem portar armas.

No Parlamento do país, entretanto, os deputados governistas aceleraram a discussão de uma lei mais ampla sobre desarmamento. Os venezuelanos, que no próximo domingo vão às urnas renovar a Assembleia Nacional, consideram a violência o principal problema do país, segundo as pesquisas.

Segundo o jornal "El Universal", duas das principais organizações não-governamentais do país se juntaram para pedir que os candidatos apóiem a campanha "Por uma Venezuela Segura". A crescente violência que vive a Venezuela virou um dos principais temas da campanha para as eleições e obrigou ao governo de Hugo Chávez abordar uma questão que ele geralmente evita, sob acusações de incompetência por parte da oposição.

"Há sete anos a insegurança é um dos principais problemas do país, mas agora nós a vivemos tão cruelmente e ela afeta tantas pessoas que o governo se viu obrigado a abordar o tema em função das eleições", afirmou o sociólogo Ángel Oropeza à agência de notícias France Presse. Chávez, entretanto, recentemente negou "que a Venezuela seja um dos países mais inseguros do mundo". "A delinquência é um tema difícil. Não deixaremos de atacar o problema e toda sua integralidade", disse.

Uma semana antes do início da campanha, dados oficiais vazados à imprensa apontaram que houve mais de 19 mil assassinatos em 2009 na Venezuela, o que a transforma no país mais violento da região.

Campanha

Aproveitando a conjuntura, a oposição iniciou sua campanha com uma manifestação em Caracas para enfatizar a necessidade de segurança no país. "A insegurança mata nossos filhos todos os dias. Além disso, é acompanhada por uma gargalhada do governo", denunciou Adicea Castillo, da Frente Nacional de Mulheres.

Para o sociólogo Ignacio Ávalos, "a divulgação das cifras do próprio governo fez com que o presidente se desse conta que o tema da violência é muito importante e não responde às políticas sociais do governo".

Para o criminologista Marcos Tarre, as respostas oficiais não terão efeito sobre os problemas estruturais que geram a violência. "Por exemplo, não implantam um controle da polícia ou um sistema de atenção às vítimas'.

Ávalos, entretanto, acha que nem oposição nem governo estão pensando seriamente em soluções para a insegurança. "Quando um tema como este é falado em meio a eleições tão importantes, o tratamento que se dá a ele acaba não sendo real nem científico", concluiu.

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