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Ditadura

Mianmar inicia reformas democráticas em busca de abertura econômica

Em outubro, as autoridades libertaram cerca de 200 prisioneiros políticos em uma anistia geral, que afetou 6.359 presos

Quase 50 anos depois do golpe de 1962 - quando militares tomaram o poder em Mianmar e iniciaram um governo regido a mãos de ferro -, começam a soprar ventos de mudanças na nação asiática. Mas para analistas e críticos as medidas têm como principal objetivo tirar o país do isolamento econômico e do grupo de nações párias, além de obter alguma legitimidade internacional, especialmente ante a Associação de Nações do Sudeste Asiático, cuja presidência rotativa Mianmar espera conquista em 2014.

O fim das sanções, o investimento estrangeiro e o acesso às instituições financeiras internacionais trariam grandes benefícios aos empresários e famílias próximas do poder, e que controlam a economia do país.

Em 17 de agosto, o presidente, Thein Sein, realizou um discurso marcante em que falou da importância de impulsionar a economia e chamou os exilados a retornarem para o país. Cinco dias depois, no Parlamento, insistiu nas mudanças econômicas e abordou a necessidade de realizar reformas, garantir os direitos dos cidadãos e diminuir a disparidade entre pobres e ricos.

Entretanto, a ONG Burma Campaign, que defende a redemocratização de Mianmar e tem sede em Londres, tachou Thein Sein de "pragmático", afirmando que o objetivo do presidente "é conseguir a suspensão das sanções, e não transformar Mianmar em uma democracia".

Em outubro, as autoridades libertaram cerca de 200 prisioneiros políticos em uma anistia geral, que afetou 6.359 presos. A oposição, a comunidade internacional e os movimentos de exilados classificaram a medida como insuficiente, afirmando que há ao menos 2.100 detidos por razões políticas.

Além disso, o novo Parlamento criou comitês para tratar de temas delicados, como direitos humanos, saúde e reformas sociais. Além disso, o governo legalizou os sindicatos e as greves, reduziu os impostos para exportação, anunciou planos para proporcionar microcréditos aos camponeses pobres, relaxou a censura na imprensa, e convidou o Fundo Monetário Internacional a aconselhar o país sobre como reformar o regime de câmbio.

As reformas na saúde, agricultura e educação poderiam promover o apoio ao governo e evitar levantes populares, como os registrados em 1988 e 2007, dispersados de forma brutal.

O enviado especial americano para Mianmar, Derek Mitchell, afirmou na semana passada que há "sinais esperançosos" de mudança no país, mas que o governo deve se comprometer de forma clara com as reformas e colocar fim à violência contra as minorias se quiser que as sanções sejam suspensas.

A curto prazo, porém, não é provável que sejam suspensas as sanções internacionais, que segundo os críticos não ajudaram a impulsionar a democracia.

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