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O ex-presidente soviético Mikhaïl Gorbachev declarou nesta sexta-feira, em Montreal, que "não gostava" dos aplausos à morte de Kadhafi, considerando que "solucionar um problema com armas e navios de guerra não faz senão agravar a crise".

Convidado pela Câmara de Comércio de Montreal como "o homem que mudou o mundo", Gorbachev, de 80 anos, falou sobre o fim da guerra fria, na qual chegou a desempenhar um papel de primeiro plano, e sobre as várias crises atuais.

"A morte de Kadafi foi aplaudida. Não gosto disso. Certamente o próprio Kadafi era responsável por tudo o que aconteceu em seu país. Mas, quando se resolve um problema com as armas e os navios de guerra, isso não é nada bom, só faz agravar a situação", disse.

Aproveitou para denunciar, de passagem, a atitude do regime sírio que "se opõe à democracia com bombas e mísseis".

No entanto, Gorbachev considerou que a onda de contestação através do mundo era "legítima" e "não incompatível com o processo democrático". "Os benefícios e os custos da globalização não foram divididos corretamente"; e mais e mais pessoas "protestam contra a desigualdade e a injustiça na partilha das riquezas", observou o ex-dirigente comunista, e "a situação poderia levar a uma explosão bem pior da que observamos agora".

Gorbachev considerou que se tratava de uma "crise do sistema, do modelo baseado no fundamentalismo do mercado, acompanhado de irresponsabilidade social e ambiental".

Também lamentou o que chamou de uma desconfiança injustificada observada no Ocidente em relação à Rússia.

Considerou que seu país está "a meio-caminho" da democracia, lembrando que se trata de uma difícil "transição do totalitarismo à democracia e ao mercado".

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