
Nuakchott - Um golpe de Estado derrubou ontem o presidente da Mauritânia, Sidi Ould Cheikh Abdallahi, eleito em março do ano passado nas primeiras eleições livres desde que o país se tornou independente da França, em 1960. O poder foi assumido por uma junta militar chefiada pelo general Mohamed Ould Abdelaziz, que havia sido demitido do comando da guarda presidencial horas antes.
As emissoras oficiais de rádio e tevê foram silenciadas, e os comerciantes da capital, Nuakchott, obrigados a fechar suas portas. A União Européia, a União Africana e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, condenaram o golpe.
A redemocratização do país coincidiu com o crescimento de uma crise política provocada pelo aumento nos preços dos alimentos. Em maio, o presidente Abdallahi havia destituído o governo e nomeado como novo primeiro-ministro Yahya Ould Ahmed Waghf. Mas ele tampouco encontrou uma fórmula para subsidiar os alimentos, em razão da produção de petróleo inferior à esperada e ao colapso da indústria do turismo, depois da morte, em dezembro, de turistas franceses, em atentado atribuído ao braço local da Al Qaeda, e do cancelamento, em janeiro, do rali ParisDacar.
O governo perdeu a maioria na Assembléia Nacional, onde 48 dos 95 deputados deixaram um dos partidos da coalizão oficial. Os deputados acusavam o presidente Abdallahi de corrupção e de ineficiência no combate à inflação. O golpe, dizem analistas, era estimulada pela cúpula militar.
Histórico
A Mauritânia é um país islâmico ao noroeste da África, ligação entre a região árabe norte-africana e as regiões ao sul do Saara. Na Idade Média, saiu da região a dinastia Almoravid, responsável por levar o islamismo ao Norte do continente e pelo controle de Espanha e Marrocos nos séculos 11 e 12.



