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Controvérsia

Milosevic causou a própria morte com medicamentos, diz tribunal

Paris (AE/Folhapress) – A porta-voz da procuradora-geral do Tribunal Penal Internacional da ex-Iugoslávia (TPII), Florence Hartman, admitiu ontem em entrevista à televisão francesa que Slobodan Milosevic, encontrado morto no último sábado em sua cela, pode ter ingerido medicamentos inadequados que agravavam seu estado de saúde. A intenção dele seria forçar sua transferência para Moscou, onde se submeteria a um tratamento cardíaco, como havia solicitado em carta ao governo russo, na semana passada.

Segundo a porta-voz, o tribunal tem "prova de que ele tomava medicamentos não receitados pelos médicos que acompanhavam sua saúde". Essa seria uma forma de Milosevic forçar sua transferência, sem nenhuma garantia de volta para ser julgado, segundo as autoridades do tribunal.

Em meio a teorias conspiratórias que creditam a morte de Slobodan Milosevic a um assassinato por envenenamento ou a um suicídio a fim de não ser condenado, as quais ganharam fôlego após as informações reveladas pelo toxicologista holandês Donald Uges, o presidente da Sérvia, Boris Tadic, afirmou que as Nações Unidas são parcialmente responsáveis pela morte do ditador.Entre os críticos do papel do tribunal em Haia na morte do ditador estava a imprensa mais popular da Sérvia, que fazia coro a Tadic e afirmava que a Corte, se não tinha responsabilidade direta pelo ocorrido, ao menos era parcialmente responsável.

Florence Hartman garantiu que o TPII tinha razão para não autorizar o tratamento em Moscou. O tribunal mantém "sérias reservas" em relação à Rússia, temendo que essa viagem pudesse ser só de ida. Para o ministro russo do Exterior, Sergei Lavrov, se Milosevic tivesse sido transferido para Moscou, muito provavelmente, ainda estaria vivo.

Essa seria uma forma de impedir o andamento do processo previsto para dois anos, mas que já durava quatro, aproximando-se do fim. Agora, um inquérito será aberto para saber quem fornecia esses medicamentos inadequados para pressão alta a Milosevic, dentro da prisão.

Florence Hartman lembrou que ele era tratado regularmente, tendo se submetido a mais de 120 exames nos últimos meses, não havendo razão para ir a Moscou, pois estava em uma capital com todos os recursos médicos e hospitalares.

O irmão do ex-líder da antiga Iugoslávia, Borislav Milosevic, ex- embaixador da Sérvia em Moscou, explicou na televisão que falou por telefone com Milosevic na última quinta e que o prisioneiro se encontrava de bom humor, sem depressão ou qualquer sintoma capaz de levá-lo ao suicídio. Por isso, ele dá crédito à tese do envenenamento levantada por pessoas próximas. O TPII refuta essa hipótese, lembrando que tinha interesse em julgá-lo.

Agora, após a morte de Milosevic, a opinião pública internacional quer saber até que ponto pode um Tribunal Penal Internacional julgar um chefe de Estado, acusado de crimes de guerra e contra a humanidade. Os alvos principais do tribunal, cuja credibilidade sai arranhada, são os responsáveis pelo massacre de Srebrenica, Radovan Karadizic e Ratko Madlic.

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