
Copiapó - Apenas 90 centímetros de circunferência abdominal. Este é o limite que foi determinado para os 33 mineiros presos em uma mina no Chile, para eles poderem escapar por um túnel a ser construído, informou ontem o ministro da Saúde chileno, Jaime Manalich. Segundo ele, as equipes estão preparando um plano abrangente para o bem-estar dos mineiros, durante os meses necessários para se cavar o túnel, incluindo exercícios e outras atividades para eles não ganharem peso.
"Nós estamos trabalhando para determinar uma área segura onde os mineiros possam fazer coisas. O espaço em que eles estão tem cerca de 2 quilômetros de galerias para se circular", explicou Manalich. "Nós esperamos definir uma área segura onde eles podem estabelecer vários locais um para descansar e dormir, um para diversão, um para a comida, outro para trabalhar", explicou. Segundo o ministro, especialistas que avaliaram as condições de cada mineiro disseram que "eles estão todos saudáveis, com apenas uns poucos problemas".
O ministro da Saúde também afirmou que a partir de hoje os mineiros receberão mais alimentos nutritivos, em forma de latas de uma bebida similar ao leite, enriquecida com calorias e proteína, com sabores como chocolate e baunilha. Ainda levará alguns dias para eles receberem comida sólida, notou ele.
O túnel para os mineiros escaparem terá cerca de 66 centímetros de diâmetro e deverá percorrer mais de 688 metros de rochas sólidas. As equipes também precisam calcular um espaço para as cestas que serão usadas para retirar os 33, tendo pequena margem de erro nessa operação.
Antes de serem encontrados, os 33 mineiros ficaram por 17 dias sobrevivendo com duas colheres de atum, um gole de leite, um pedaço de bolacha e um pedacinho de pêssego por dia. A disciplina de ferro garantiu a vida de todos, apesar de só possuírem rações de emergência para dois dias. A mesma obstinação será necessária nos próximos meses, já que funcionários chilenos preveem que a operação de resgate dure até o Natal.
Casamento
Casado há 25 anos somente em cartório civil, Esteban Rojas, um dos 33 trabalhadores presos há 20 dias numa mina chilena, prometeu ontem à mulher que vai se casar na igreja após ser resgatado. A notícia foi recebida por Jessica Yáñez, que havia escrito a ele pedindo o casamento religioso assim que ele sair da mina.
Em resposta, Rojas fez a promessa de que quando sair, "compramos o vestido de noiva e nos casamos na igreja". A declaração emocionou bastante a mulher, com quem o trabalhador vive há 25 anos. "Já sabem, preciso de cozinha, refrigerador. Vou passar a vocês a lista do casamento", brincou Yáñez, dirigindo-se aos familiares que aguardam com ela o resgate do marido.
Na noite de ontem as autoridades deram um "presente" aos parentes dos homens presos a 700 metros de profundidade, ao informar que os trabalhadores haviam escrito cartas a eles.



