Prática de plágio e intenção deliberada de enganar: com essas acusações a Universidade de Dusseldorf decidiu cassar nesta terça-feira (5) o diploma de doutorado de uma importante integrante do Gabinete da Alemanha, a ministra da Educação Annette Schavan, uma reconhecida amiga, aliada e confidente da chanceler federal Angela Merkel. A dissertação que concedeu a Annette o título de PhD em Filosofia foi defendida em 1980 e tinha o título de "Person und Gewissen" (Personagem e Consciência, em alemão).
O escândalo promete ganhar contornos políticos e atrapalhar os esforços para a campanha eleitoral de Merkel e do partido União Democrática Cristã (CDU) em setembro. Afinal, trata-se da segunda baixa no governo dela pela prática de plágio. Em 2011, o então ministro alemão da Defesa, Karl-Theodor zu Guttenberg, de 39 anos, viu-se obrigado a renunciar depois de ter sido acusado de fraudar 130 páginas de sua tese de doutorado em Direito.
As alegações contra a ministra foram levantadas por caçadores de plágio na internet no ano passado e deflagraram uma apuração interna na universidade, a pedido da própria. Mas, num documento de 75 páginas, a comissão de investigadores, comandada pelo professor Stefan Rohrbacher, detectou no texto de 351 páginas as ausências das devidas referências bibliográfica em pelo menos 60 delas.
Hoje com 88 anos, o professor que orientou a tese, Gerhard Wehle, classificou a ex-aluna como "uma pessoa absolutamente íntegra" que escolheu uma abordagem interdisciplinar para o trabalho, que considerou arriscado para uma jovem estudante àquela época.
"O trabalho fazia total jus aos padrões científicos", declarou ele ao jornal "Rheinische Post" na terça-feira. A ministra nega com veemência todas as acusações contra seu trabalho. Mas, sob as pesadas críticas da oposição antes mesmo da divulgação oficial do laudo da universidade, especula-se se ela vai conseguir resistir às pressões e permanecer no cargo.



