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Cairo

Ministro teme um colapso do Egito

General chefe do Exército egípcio alerta para fragilidade do país caso as revoltas continuem; ONU pede cautela

Armados com estilingues, manifestantes lançam pedras nos policiais que tentam conter o protesto no Cairo. Ontem, o clima de violência arrefeceu | Asmaa Waguih/Reuters
Armados com estilingues, manifestantes lançam pedras nos policiais que tentam conter o protesto no Cairo. Ontem, o clima de violência arrefeceu (Foto: Asmaa Waguih/Reuters)

No primeiro dia de relativa tranquilidade no Egito desde a última sexta-feira – quando tiveram início os conflitos que deixaram pelo menos 52 mortos no país –, o chefe das Forças Armadas egípcias, general Abdul Fattah el-Sisi, afirmou que a turbulência política já ameaça a integridade do Estado.

"A continuação da luta das diferentes forças políticas (...) poderá levar ao colapso do Estado", declarou Sisi em um comunicado na página oficial do Exército no Facebook.

Também ministro da Defesa do presidente islamita Mohamed Mursi, o general prometeu que as Forças Armadas vão continuar a ser o bloco "sólido e coeso" sobre o qual o Estado se assenta.

A nota gerou temores de que o Exército – a mais forte das instituições egípcias, com participação decisiva na segurança e na economia e subsídio direto dos EUA – esteja planejando retomar o poder que manteve por seis décadas, inclusive depois da queda do ditador Hosni Mubarak.

Para analistas, porém, a intenção de Sisi é apenas deixar claros a preocupação das Forças Armadas com a violência e o seu apoio a Mursi – presidente que integrou a Irmandade Muçulmana, banida sob Mubarak, e recebeu o poder das mãos da Junta Militar após ser eleito em 2012.

"Os egípcios estão realmente alarmados com o que está acontecendo. Mas não acredito que [a nota] seja um sinal de que os militares estão prestes a reassumir as rédeas do governo", disse o analista político egípcio Elijah Zarwan à agência Reuters.

Ontem, em novo aceno aos opositores, o governo anunciou a formação de comissão para estudar as emendas à nova Constituição egípcia. A Carta é criticada por manifestantes e grupos liberais, para os quais sua redação foi monopolizada pelos islamitas.

Segundo o porta-voz da Presidência, Yasser Ali, a comissão terá dez membros, sendo cinco juristas e cinco políticos de diversas tendências – incluindo, diz o governo, setores da oposição que rejeitaram o convite de Mursi a um "diálogo nacional".

O presidente egípcio deve viajar hoje à Alemanha, onde está previsto encontro com a chanceler Angela Merkel.

Ontem, no Cairo, a polícia voltou a dispersar com gás lacrimogêneo manifestantes munidos de pedras perto da Praça Tahrir. Mas os choques foram menos violentos que os dos dias anteriores, e veículos circularam pela região.

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