
A morte de uma miss de 22 anos elevou ontem a cinco o número de vítimas desde o início dos protestos na Venezuela e acirrou ainda mais a tensão no país.
Génesis Carmona, miss Turismo do estado de Carabobo, foi atingida com um tiro na cabeça na terça-feira por um desconhecido em uma motocicleta durante protestos contra o governo na cidade de Valência.
Submetida a uma cirurgia de emergência, ela não resistiu ao ferimento. O episódio causou grande comoção no país.
Na capital, Caracas, uma multidão de manifestantes oposicionistas e estudantes universitários se reuniu em volta do tribunal onde o líder Leopoldo López compareceria pela primeira vez desde que se entregou à polícia, na terça-feira.
López representa a ala radical da coalizão antichavista Mesa de Unidade Democráticas (MUD). O governo o acusa de incitar os protestos e dos homicídios ocorridos nas manifestações, entre outros crimes. Os manifestantes trocaram gritos e insultos com chavistas que também compareceram ao tribunal.
Em um vídeo divulgado ontem, López, de 42 anos, aparece ao lado da mulher pedindo que os manifestantes continuem mobilizados. "Hoje, mais do que nunca, nossa causa tem de ser a saída desse governo", disse na gravação feita para ser divulgada caso ele fosse preso.
Violência
A notícia da morte de Génesis era a mais comentada ontem nos sites de notícia venezuelanos, assim como nas redes sociais.
Foi a segunda vez neste ano que a violência no país matou uma miss, símbolo de orgulho nacional na Venezuela.
No dia 6 de janeiro, a atriz e ex-miss Venezuela Mónica Spear Mootz, de 29 anos, e seu ex-marido, o irlandês Thomas Berry, 39 anos, foram mortos, baleados em um assalto na cidade litorânea de Puerto Cabello.
A insegurança é um dos principais motivos de insatisfação dos manifestantes, que protestam ainda contra a alta inflação, a corrupção e a escassez de produtos.
O prefeito de San Diego, um dos 14 municípios do estado de Carabobo, o opositor Enzo Scarano, afirmou que Génesis foi atingida por um desconhecido, que estava em uma moto e disparava contra manifestantes em Valência.
Blecaute
Doze anos depois de terem participado de forma crucial num golpe de Estado, as redes de tevê da Venezuela fazem uma cobertura tão tímida dos atuais protestos contra o governo que críticos estão falando de um "blecaute" da mídia que está ajudando o governo. Os canais de TV, que abertamente estimularam a população a ir às ruas em 2002 e ajudaram a provocar o golpe que de forma breve tirou do governo o então presidente Hugo Chávez, dão agora atenção mínima para os protestos.
Opinião
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