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Policiais reprimem manifestantes favoráveis ao retorno de Zelaya, em Tegucigalpa: sem acordo, divisão no país cresce | Henry Romero/Reuters
Policiais reprimem manifestantes favoráveis ao retorno de Zelaya, em Tegucigalpa: sem acordo, divisão no país cresce| Foto: Henry Romero/Reuters

Reação

Para Zelaya, rejeição ao seu retorno levará o país "ao abismo’’

Folhapress

Tegucigalpa - O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, afirmou ontem que o governo interino liderado por Roberto Micheletti prejudica o país ao rejeitar o retorno dele ao poder.

Para Zelaya, Micheletti, "está levando o país ao abismo ao agir como se vivesse em um outro mundo, como se Honduras fosse uma grande potência’’ e "desencadeou uma briga contra o mundo’’, disse Zelaya, que continua "abrigado’’ na embaixada brasileira em Tegucigalpa desde 21 de setembro.

Zelaya afirmou ainda que o governo interino levará Honduras a um "sacrifício muito grande" porque "a comunidade internacional e os Estados Unidos não vão ficar (tranquilos) com esse desafio".

O hondurenho afirmou acreditar que o esforço para a restituição da democracia "não será em vão", ainda que a vitória demore, já que "não é fácil lutar quando há intransigência e se usa da violência e do crime contra um povo indefeso".

Ontem, Micheletti disse, perante a missão de chanceleres da Organização dos Estados Americanos (OEA) que chegou ao país ontem para mediar o diálogo entre ambos os lados, que a comunidade internacional "não sabe a verdade, ou então não quer saber". "Vocês não querem saber o que aconteceu antes de 28 de junho."

Tegucigalpa - A missão da Organização dos Estados Americanos (OEA) deixou Honduras ontem frustrando ex­­pectativas de um acordo que pu­­sesse fim aos mais de cem dias de crise política e institucional no país.

Chanceleres e diplomatas de uma dezena de países das Amé­­ricas foram a Tegucigalpa com um discurso uníssono em que pediam a restituição do presidente deposto Manuel Zelaya. Menos de 24 horas depois, foram embora entregando as negociações nas mãos dos hondurenhos. "Este se­­rá um diálogo exclusivamente hondurenho. Honduras é uma família dividida que precisa se reconciliar’’, disse Bruno Stagno, ministro das Relações Exteriores da Costa Rica, minutos antes de a delegação inteira seguir para o aeroporto. A OEA se comprometeu a deixar um grupo no país para dar "apoio logístico’’ às negociações.

Os representantes chegaram a Tegucigalpa na quarta-feira com um discurso que exigia a restituição da democracia do país – o que significava a volta de Zelaya à Presidência.

O comunicado sobre os resultados da missão lido na manhã de ontem aos jornalistas, que esperavam por uma coletiva de imprensa, mostrou um recuo nas reivindicações internacionais. Os chanceleres falaram em restauração das garantias constitucionais – em tese, a volta de Zelaya; na prática, qualquer solução hondurenha aprovada por Congresso e Su­­prema Corte –, liberdade de imprensa, com a reabertura dos meios de comunicação fechados, e um tratamento "digno’’ ao presidente deposto durante as negociações, com sua saída da embaixada brasileira.

A derrocada da mediação in­­ternacional se tornou clara no en­­contro entre os representantes da OEA e o presidente interino, Ro­­berto Micheletti, na noite de on­­tem. Os líderes ouviram, em uma reunião transmitida ao vivo pela tevê local, reprimendas sobre o isolamento internacional de Hon­­duras, que foi suspensa da OEA e teve ajuda financeira cortada.

O líder do governo golpista afirmou que deixaria o poder se Zelaya também abdicasse de uma volta ao cargo. Caso isso não ocorresse, afirmou que o país "sobreviveria’’ ao isolamento. Deu a en­­tender, ainda, que pretende deixar o cargo apenas no dia 27 de janeiro, quando o novo presidente eleito assumir o cargo.

O secretário de Estado de As­­sun­­tos Exteriores do Canadá para as Américas, Peter Kent, reconheceu que a reação de Micheletti surpreendeu a OEA.

Kent, assim como outros representantes, afirmou que Zelaya já teria concordado em voltar à Pre­­sidência com poderes limitados, que o impediriam de tentar insistir na promoção de uma Assem­­bleia Constituinte, iniciativa considerada ilegal por Congresso e Justiça hondurenhos e estopim para a deposição do presidente.

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