Depois de três tentativas frustradas, o ônibus espacial Endeavour deve partir na segunda-feira do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, para sua 25.ª e última missão no espaço. O lançamento, previsto para as 15h47 na hora local (16h47 no horário de Brasília), será acompanhado de perto por milhares de pessoas.
O Endeavour é o mais novo ônibus espacial em atividade o primeiro voo ocorreu em 1992 e substituiu o Challenger, que foi destruído em 1986 depois da explosão durante o lançamento.
Independente do êxito no lançamento do Endeavour, a Nasa dá seguimento aos preparativos do voo do Atlantis, que marcará o encerramento do programa de ônibus espaciais norte-americano.
Quando o programa for extinto, a Nasa ficará sem um veículo próprio para levar seres humanos ao espaço. A partir de então, o transporte de astronautas da agência para a ISS será feito a bordo dos foguetes russos Soyuz.
O lançamento do Endeavour será transmitido via internet pela Agência Espacial Europeia (ESA). A Itália participa da última viagem do ônibus espacial com um astronauta, Roberto Vittori, que se junta a mais cinco integrantes da missão.
Experimento de US$ 2 bi
A bordo, o Endeavour leva o Espectrômetro Magnético Alpha (AMS, na sigla em inglês), peça central de um controvertido experimento de US$ 2 bilhões com o qual os cientistas esperam revelar os segredos da misteriosa matéria escura, que comporia cerca de 20% do Universo.
Idealizado pelo físico e ganhador do Prêmio Nobel Samuel Ting, o AMS será instalado na Estação Espacial Internacional (ISS), de onde medirá as características dos raios cósmicos de alta energia que cruzam o espaço. No coração do equipamento de quase 7 toneladas, está um gigantesco ímã capaz de produzir um campo magnético 3 mil vezes mais poderoso que o da Terra que deverá capturar essas partículas altamente energizadas e alterar suas trajetórias. A forma como essa alteração se dá é que vai permitir aos pesquisadores determinar as características destes raios.
Com sorte, o AMS confirmará que os misteriosos sinais detectados por outros satélites e balões recentemente são emanações da matéria escura, fornecendo provas da existência de partículas e forças que até agora são só sonhos teóricos. Durante séculos, os cientistas acreditaram que o Universo era composto basicamente por tudo aquilo que conseguíamos ver e medir. Agora, porém, acredita-se que a matéria e energia comuns respondem por apenas 5% do total. Além da matéria escura, também existiria a ainda mais elusiva energia escura, que responderia pelos 75% restantes da "receita" universal.
Desta forma, a análise dos dados do AMS podem levar a descobertas incríveis, como a existência de partículas de matéria escura cuja gravidade mantém as galáxias unidas, um novo tipo de partícula subatômica e até que galáxias e estrelas distantes são feitas inteiramente de antimatéria. Isso porque, segundo as teorias atuais, a matéria e sua "gêmea do mal", a antimatéria, teriam sido criadas em proporções iguais no Big Bang que deu origem ao universo. Assim, um dos maiores mistérios da ciência é saber por que o Universo agora parece ser feito só de matéria.
"Quem sabe o que vamos encontrar", disse Ting em entrevista para a revista Science da semana passada.
Alguns cientistas, no entanto, criticam o projeto de Ting, afirmando que o experimento poderia ser realizado a custos muito menores e que sua inclusão no voo do Endeavour e instalação na ISS passou por cima de procedimentos padrões de avaliação da Nasa.
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