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Missão Phoenix deve ser prorrogada em Marte

Correndo contra o tempo para aproveitar ao máximo o "sol da meia-noite" do ártico marciano, o comando da missão Phoenix já está requisitando uma segunda prorrogação do período de atividade da sonda. Prevista para durar três meses e com encerramento inicialmente marcado para o fim de agosto, a missão já recebeu sinal verde para prosseguir até o fim de setembro. Agora, os cientistas aguardam decisão sobre nova ampliação, até 18 de novembro.

"A partir de 1.º de outubro, teremos cerca de 20 horas de sol por dia", explica o engenheiro Ramon De Paula, administrador da missão. "Atualmente, temos mais de 24." O dia marciano dura cerca de 25 horas, e o tempo de sol seguirá caindo à medida que o hemisfério norte, onde está a Phoenix, se encaminha para o inverno: em 1º de abril de 2009, o sol nem sequer nascerá na latitude da sonda, que depende da energia solar para recarregar suas baterias.

Em 18 de novembro, quando termina a provável segunda prorrogação, Marte entra em conjunção solar. "O Sol fica entre a Terra e Marte, e ficaremos sem dados, controle ou comunicação com a sonda", diz De Paula.

Nos três meses até a conjunção, a Phoenix terá a cada dia menos energia disponível e precisará mais de suas baterias para manter os instrumentos científicos em funcionamento. Já tendo confirmado a existência de água no planeta, a sonda agora se dedica a determinar se o planeta já foi ou ainda é capaz de sustentar formas de vida. "Do modo como entendemos vida, a habitabilidade depende de haver nutrientes, energia e água. Um dos indicadores mais importantes seria achar materiais orgânicos", diz De Paula.

Mas a busca por matéria orgânica esbarra nos problemas enfrentados pelo analisador térmico de gás evoluído, ou Tega, instrumento composto por oito fornos projetados para aquecer amostras de solo e determinar a composição dos vapores liberados Além das dificuldades com a consistência do solo marciano, que é grudento, adere aos instrumentos e não cai facilmente no interior dos fornos, o Tega também sofreu um curto-circuito que quase o inutilizou.

Além do Tega, a Phoenix tem outros instrumentos, como um laboratório de análises químicas e uma estação meteorológica. "Depois de outubro, se houver a extensão, instrumentos que consomem menos potência passarão a receber mais atenção, porque são os que ainda vão estar funcionando", descreve o administrador.

A conjunção solar de Marte termina em 24 de dezembro, e a equipe da missão tem esperanças de conseguir uma terceira prorrogação, caso a sonda retome o contato com a Terra. "É o nosso sonho", diz De Paula. "Ela não poderá gerar a mesma quantidade de trabalho, por causa da pouca energia. Muito mais energia vai ser destinada apenas a manter os aquecedores. Mas a câmera e a estação meteorológica continuarão a funcionar."

Ao contrário dos robôs Spirit e Opportunity, que operam em Marte há quatro anos e já viram suas missões renovadas seguidas vezes, a Phoenix tem uma data de validade inescapável: em 1º de fevereiro, o gás carbônico, principal componente da atmosfera marciana, começará a congelar sobre o Ártico. Sem rodas para levá-la a latitudes mais quentes, a Phoenix inevitavelmente acabará sepultada em gelo seco. "Mas queremos estudar a noite polar e observar o congelamento da atmosfera, algo que nunca foi feito", diz De Paula. "Queremos fotos do gelo subindo pelas pernas da Phoenix."

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