Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Pressão

Morales mantém greve de fome

Presidente boliviano completa dois dias de jejum e acusa a oposição de planejar golpe contra o governo

“Não tenho nenhum problema. Estou como um jovenzinho de 15 anos.". Evo Morales, presidente da Bolívia | Gonzalo Jallasi/AFP
“Não tenho nenhum problema. Estou como um jovenzinho de 15 anos.". Evo Morales, presidente da Bolívia (Foto: Gonzalo Jallasi/AFP)

Caracas, Venezuela - A greve de fome do presidente boliviano, Evo Morales, entrou ontem no segundo dia, em meio ao impasse entre o governo e a oposição para votar a nova legislação eleitoral, necessária para a realização das eleições gerais de 6 de dezembro.

Durante todo o dia de ontem, a oposição se recusou a participar da votação "em detalhe’’, em que cada artigo é analisado separadamente. A meta é adiá-la ao menos até segunda, sob a alegação de que se deve respeitar a Semana Santa, o que pode prolongar o jejum de Morales.

Desde a manhã de quinta-feira, Morales faz a greve no Palácio Quemado, situado a poucos metros do Congresso, acompanhado de simpatizantes. Segundo sua assessoria, ele tem mascado coca e bebido água para poder trabalhar.

"Não tenho nenhum problema. Estou como um jovenzinho de 15 anos’’, disse Morales, 49 anos, que realiza sua 18ª greve de fome desde os seus tempos de líder cocaleiro – o recorde pessoal é de 18 dias sem comer.

O presidente acusou a oposição do seu país de estar articulando um plano para acabar com seu governo. "Sei algo importante, sei que estão preparando um plano contra Evo Morales e contra o companheiro Álvaro (García, seu vice-presidente) depois que fracassaram ao tentar tirar o voto do povo no referendo revogatório", assinalou aos jornalistas na Casa do Governo.

O chefe de Estado disse que tem informações graças a militares e policiais que fazem acompanhamento dessas pessoas da oposição.

O presidente reiterou que só encerrará o protesto após a aprovação final da Lei Eleitoral – exigência da nova Constituição, aprovada em referendo em janeiro, para convocar as eleições de dezembro, quando o esquerdista é favorito para um novo mandato de cinco anos.

Na quinta-feira, a Lei Eleitoral foi aprovada em primeira votação, numa sessão que durou 30 horas e terminou com uma intensa troca de insultos.

O principal impasse é a exigência da oposição para realizar um novo censo eleitoral, sob a alegação de que o atual está defasado. Para Morales, a medida é desnecessária e visa apenas adiar a eleição.

Não é a primeira vez que um mandatário boliviano faz greve de fome, algo recorrente na política do país. O presidente Hernán Siles adotou a medida nos dois mandatos: em 1956, para defender sua política econômica, e em 1984, para pressionar a oposição por um acordo.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.