
Joseph Murray, cirurgião americano que realizou pela primeira vez um transplante de órgãos (um rim) em seres humanos com sucesso e foi laureado com o Prêmio Nobel em Fisiologia ou Medicina em 1990, morreu ontem, aos 93 anos, em Boston.
Murray morreu no mesmo hospital em que, décadas antes, realizara o primeiro transplante da história.
"Ele estava sadio e conversamos bastante sobre o seu trabalho", disse José Medina Pestana, presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, que conheceu Murray no mês passado. "Contava com satisfação que sempre seguiu seu coração durante a carreira."
Em dezembro de 1954, Murray substituiu o rim doente de um paciente por outro sadio, doado pelo irmão gêmeo univitelino.
O cirurgião escreveu depois que "houve um silêncio coletivo na sala de operação" quando o sangue começou a fluir para dentro do rim recém-implantado.
Apesar disso, na época, Murray preocupou-se "por realizar uma grande cirurgia em uma pessoa não para o seu benefício, mas para o de outra", disse em uma entrevista em 2001. "Fomos criticados por estarmos brincando de Deus".
"A realização do primeiro transplante foi o maior evento da medicina na década de 1950", afirmou Medina.



