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Crise árabe

Mubarak é dado como morto, mas notícia é negada pela Junta Militar

Ex-ditador do Egito, derrubado por protestos populares em fevereiro do ano passado, teria sofrido um ataque cardíaco

Mubarak, que estaria morto | Goran Tomasevic/Reuters
Mubarak, que estaria morto (Foto: Goran Tomasevic/Reuters)
Multidão voltou à Praça Tahrir, no centro do Cairo, para protestar contra a Junta Militar |

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Multidão voltou à Praça Tahrir, no centro do Cairo, para protestar contra a Junta Militar

Hosni Mubarak, ex-ditador do Egito, teve ontem anunciada sua morte clínica pela agência estatal Mena. A notícia foi imediatamente divulgada pela imprensa mundial, até ser negada pelo próprio governo do Egito.

Fontes ligadas ao Minis­­tério do Interior do Egito e à família de Mubarak, derrubado em fevereiro do ano passado, disseram à rede de televisão Al Jazeera que, após ter tido um ataque cardíaco, o ex-ditador foi revivido e respira por máquinas.

Em seguida, autoridades negaram a morte clínica. Depois seu advogado afirmou que Mubarak está em coma.

Aos 84 anos, Mubarak tem a saúde fragilizada desde que foi deposto do poder por manifestações populares. Ele foi então julgado dentro de uma jaula, deitado em uma maca, e em seguida condenado à prisão perpétua.

Funcionários penitenciários afirmam que ele tem tido pressão alta e passa por dificuldades para respirar, além de ter depressão profunda desde que perdeu o poder.

Após a deterioração de sua saúde, Mubarak foi transferido ontem da prisão de Torah, em que estava detido, para o hospital Maadi no Cairo.

Esse hospital militar foi o mesmo no qual foi declarada a morte do então presidente egípcio Anwar Sadat, cujo assassinato em 1981 levou Mubarak, seu vice, ao poder.

A transferência de Muba­­rak deve incomodar revolucionários, que têm repetidamente reclamado do tratamento especial dado ao ex-ditador e apontado que a piora da saúde dele é um pretexto para retirá-lo da prisão.

O general Said Abbas, membro do conselho militar que governa o Egito, disse à Reuters que Mubarak sofreu um acidente vascular cerebral (AVC), mas acrescentou: "Qualquer conversa sobre ele estar clinicamente morto é absurda".

Outra fonte militar afirmou: "Ele está completamente inconsciente. Ele está usando respiração artificial". Uma fonte de segurança que também apresentou o mesmo relato acrescentou: "Ainda é cedo para dizer que ele está clinicamente morto".

Um país em revoltaMais de um ano após início dos protestos, Egito parece voltar à estaca zero.

11.fev.2011 – Uma semana após batalha campal entre manifestantes pró e contra governo na Praça Tahrir, no Cairo, o ditador Hosni Mubarak, que governava desde 1981, renuncia e passa o poder ao Exército.

19.mar – Egípcios aprovam em referendo pacote de reformas constitucionais com vistas às eleições parlamentares.

12.abr – No hospital, Mubarak tem prisão declarada; seus filhos também são presos sob acusações de corrupção.

3.ago – Começa julgamento de Mubarak, ainda não concluído.

18.nov – Irmandade Muçulmana organiza grande protesto contra militares na praça Tahrir; confrontos com forças de segurança recomeçam.

28.nov – Têm início as eleições parlamentares, que dão mais de 70% da Assembleia Popular aos islamitas.

1º.fev.2012 – Confronto de torcidas após jogo de futebol em Port Said deixa 74 mortos; suspeitas de que forças de segurança incitaram a violência leva mais manifestantes às ruas para pedir saída de militares.

26.abr – Comissão eleitoral anuncia os nomes dos 13 candidatos autorizados a concorrer na eleição presidencial, marcada para 23 e 24 de maio.

23 e 24.mai – Primeiro turno das eleições presidenciais tem como vencedores Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana, e Ahmed Shafiq, ex-premiê de Mubarak.

3.jun – Corte egípcia condena Mubarak à prisão perpétua.

14.jun – Junta Militar assumiu hoje o Poder Legislativo.

17.jun – Junta Militar emite decreto que amplia seus poderes e enfraquece os do presidente.

18.jun – Irmandade se antecipa e se declara vitoriosa nas eleições.

19.jun – Milhares de pessoas voltam à Praça Tahrir para protestar contra poderes ampliados da Junta Militar.

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