
O ex-presidente do Egito Hosni Mubarak foi sentenciado à prisão perpétua na madrugada de sábado por não ter evitado a morte de manifestantes durante a revolução egípcia ocorrida em 2011 e que o forçou a deixar o poder. No entanto, ele e seus filhos foram absolvidos das acusações de corrupção, em um veredicto confuso que rapidamente provocou uma nova onda de fúria nas ruas do Egito.
Aos 84 anos e após governar o país por três décadas, o primeiro líder árabe a ser julgado em seu próprio país, foi levado de helicóptero da academia de polícia, onde ocorreu o julgamento, para a prisão de Torah, no Cairo, onde seus filhos e membros de seu regime aguardam sentenças em prisão, ou estão à espera de julgamento por uma série de acusações. A sentença contra Mubarak, que cabe apelo, ocorreu em meio a tensões amplas antes da dividida eleição presidencial no Egito.
Condenação
Usando óculos escuros, deitado em uma maca dentro de uma cela na corte, Mubarak permaneceu em silêncio. Ele ouviu a sentença com uma expressão séria sem demonstrar emoção. Seus filhos, Gamal e Alaa pareciam nervosos, mas também não demonstraram reação à condenação do pai nem às suas próprias. Mubarak foi condenado como cúmplice pela morte de cerca de 900 pessoas durante o levante que durou 18 dias e que o forçou a deixar o regime em fevereiro de 2011.
Após a sentença, Mubarak chorou pela primeira vez em protesto e resistiu entrar no helicóptero que o levaria da corte para o hospital prisão, segundo informaram autoridades. Desde que foi detido, em abril, ele passou por vários hospitais militares, mas nunca por um hospital prisão.
As acusações contra o ex-presidente relacionadas com a morte dos manifestantes era passível de uma sentença de morte, mas o juiz optou por mantê-lo na prisão pelo resto da vida.
Tumultos
Do lado de fora da corte, inicialmente a reação foi de júbilo quando a condenação foi anunciada. Opositores de Mubarak e familiares de pessoas mortas durante o levante contra o regime comemoravam a condenação do ex-presidente, ainda que alguns estivessem defendendo a pena de morte para o réu. Após a sentença, rapidamente o cenário ficou tenso e tumultuado. Houve confrontos entre opositores, policiais e simpatizantes de Mubarak nos arredores da corte. Muitos egípcios também se queixam que a polícia do país, à qual se atribui a culpa por muitas das mortes durante a revolução, e outras figuras importantes do regime de Mubarak mantiveram seu poder, sem que houvesse reformas institucionais profundas.
O veredicto contra Mubarak ocorre poucos dias antes do segundo turno das eleições presidenciais no Egito, marcadas para os dias 16 e 17 de junho, na qual disputam o candidato da Irmandade Muçulmana, Mohammed Mursi, e o ex-premiê da era Mubarak, Ahmed Shafiq, aliado próximo do presidente deposto.



