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Líderes muçulmanos da Dinamarca condenaram neste sábado a exibição de vídeos que mostraram membros do Partido do Povo Dinamarquês (DF), contrário a imigração, desenhando cartuns zombando do profeta Maomé, mas disseram que não reagirão.

Na sexta-feira a televisão estatal dinamarquesa exibiu um vídeo amador que mostrava vários membros da ala jovem do DF num acampamento de verão, em agosto, cantando, bebendo e participando de um concurso de desenhos humilhantes do Profeta.

Em setembro do ano passado, o jornal dinamarquês Jyllands-Posten publicou charges, incluindo uma que mostrava o profeta Maomé com uma bomba em seu turbante. Clérigos muçulmanos qualificaram as charges de blasfemas, suscitando protestos no início do ano nos quais 50 pessoas morreram na Ásia, África e Oriente Médio.

- Diante dos problemas anteriores, precisamos agir com cautela - disse Ahmed Aby-Laban, um imã de Copenhague que no ano passado ajudou a organizar uma viagem ao Egito e Líbano para incentivar líderes muçulmanos a protestar contra as charges publicadas no jornal. - Desta vez a situação é diferente. É claro que é deplorável, mas todos nós conhecemos a atitude do DF em relação ao islã e os muçulmanos, e essas imagens não foram feitas para ser publicadas.

A maioria dos muçulmanos considera uma ofensa que o profeta seja retratado em imagens.

Abu-Laban disse que lamenta a decisão da TV dinamarquesa de transmitir o vídeo, dizendo que ela suscita questões éticas.

- Temos nos esforçado muito para resolver os problemas desde os conflitos do início do ano - disse ele.

As alas jovens de outros partidos, incluindo o governista Partido Liberal, criticaram o DF e disseram que vão protestar, deixando de participar de eventos políticos aos quais estejam presentes membros do Partido do Povo Dinamarquês.

Yildiz Akdogan, porta-voz dos Muçulmanos Democráticos, um grupo favorável à integração formado após os protestos contra os cartuns, em fevereiro, disse alegrar-se pelo fato de outros partidos terem condenado as ações.

- Acho que os fatos são estúpidos e absurdos demais para provocar manifestações ou outras ações por parte de muçulmanos'', disse ela. - É claro que não são uma coisa boa e com certeza não ajudam em nada a promover a integração entre nossas comunidades, mas espero que não exerçam efeito duradouro.

Kenneth Kristensen, um membro sênior da ala jovem do DF, criticou os fatos mas não chegou a formular um pedido de desculpas.

O Partido do Povo Dinamarquês ganhou destaque nas eleições de 2001, com base numa plataforma que combina a ênfase sobre o aumento dos gastos com a educação e os idosos e uma forte postura contrária à imigração. O partido vem sendo acusado de racismo, mas desde 2001 é aliado político da coalizão de centro-direita liderada pelo primeiro-ministro Anders Fogh Rasmussen.

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