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Comunidade internacional pede a renúncia do ditador Mugabe com a crescente epidemia de cólera e o colapso econômico | Philimon Bulawayo / Reuters
Comunidade internacional pede a renúncia do ditador Mugabe com a crescente epidemia de cólera e o colapso econômico| Foto: Philimon Bulawayo / Reuters

O presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, anunciou nesta sexta-feira (19) que convidou o líder da oposição, Morgan Tsvangirai, a assumir o cargo de primeiro-ministro numa estratégia de divisão do poder, mas não sabe se Tsvangirai aceitará a proposta.

Tsvangirai ameaçou pedir a suspensão das negociações de divisão do poder, caso a perseguição de oponentes políticos não cesse.

O impasse torna improváveis quaisquer chances de encerrar a crise crescente no país, onde uma epidemia de cólera matou mais de 1.100 pessoas e há falta de alimentos e combustíveis.

Mugabe disse a seus seguidores que mandou cartas a Tsvangirai, convidando-o para o cargo de premiê, mas demonstrou ter dúvidas sobre a possibilidade de uma ruptura.

"Eu mandei cartas para que eles possam vir e eu posso nomeá-los. Não chegamos a um ponto onde possamos dizer, com um grau de certeza, que eles queiram fazer parte disso", disse Mugabe.

Mas o Movimento pela Mudança Democrática, de Tsvangirai disse que não recebeu carta nenhuma.

Tsvangirai diz que as negociações de divisão de poder com Mugabe, iniciadas em setembro, estão ameaçadas pelo que ele chama de onda de sequestros de seguidores do seu partido e de outros ativistas anti-Mugabe. A oposição culpa o partido do presidente, o ZANU-PF, por isso.

"Se esses sequestros não acabaram imediatamente, e se os sequestrados não forem libertados ou julgados em uma corte até o dia 1º de janeiro, eu vou pedir ao Conselho Nacional do MMD que aprove uma resolução que suspenderá as negociações e o contato com o ZANU-PF", disse Tsvangirai em uma coletiva em Gaborone.

Tsvangirai derrotou Mugabe nas eleições presidenciais, feitas em março, mas sem maioria absoluta. Então, ele saiu da disputa pelo segundo turno em junho, dizendo que vários seguidores de seu partido tinham sido assassinados.

Mugabe tornou-se o único candidato do segundo turno, mas as eleições ocorreram mesmo assim. Líderes mundiais pedem a Mugabe que renuncie e aos países africanos que o pressionem. Mas Mugabe afirmou que os países africanos não têm coragem de usar a força militar para tirá-lo do poder, segundo o jornal estatal Herald.

"Como podem os líderes africanos derrubar Mugabe um dia e organizarem um Exército? Não é fácil", teria dito Mugabe em uma reunião do comitê central de seu partido na quinta-feira, segundo o jornal. "Não conheço nenhum país africano que seja corajoso o bastante para fazer isso."

A preocupação internacional com o Zimbábue tem crescido devido à epidemia de cólera. A ONU informou que o número de mortos pela cólera chegou a 1.123 e que outras 20.896 pessoas estão infectadas com a doença, que pode ser facilmente prevenida e tratada.

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