A mais famosa de todos os reféns já mantidos pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, Ingrid Betancourt, teve um relacionamento amoroso com o ex-senador Luis Eládio Pérez, com quem conviveu no cativeiro por anos. A revelação, feita há algumas semanas por um livro lançado por outros ex-reféns, foi confirmada nesta semana pela mulher de Pérez, Angela Rodriguez, em entrevista aos jornais "Clarín" e "El Tiempo".
"Não sou ninguém para julgar meu marido. ele estava vivendo um inferno, e nestas circunstâncias, uma mão amiga, um sorriso, um abraço se convertem em coisas imprescindíveis para sobreviver. Assim tento entender o que aconteceu", disse. Ela admitiu que os rumores lançados no livro a preocuparam, mas que os dois conversaram muito e estão tentando levar o casamento adiante.
"Durante nossa conversa, ele me pediu que o entendesse. Que essa relação foi basicamente produto de uma solidariedade muito grande com uma mulher que passou pelo mesmo inferno que ele, e que contra ela poderiam cometer os piores atropelos por sua condição de mulher. ele me abraçou chorando me pedindo que o entendesse, e é isso que estou tentando fazer", disse, segundo o "Clarín".
Parceria política
Em entrevista concedida ao G1 em julho de 2008, menos de uma semana após a libertação de Betancourt, o ex-senador Luis eladio Pérez relembrou o cativeiro, a convivência entre os dois - que chegaram a tentar fugir juntos - e os planos de formarem uma parceria política.
Na época, Pérez elogiou muito Betancourt, e disse que o cativeiro a havia tornado uma pessoa melhor. Segundo Pérez, Ingrid também se tornou uma pessoa mais humilde e tolerante. "Antes do seqüestro, ela era muito radical e difícil, se achava predestinada a transformar o país. Hoje, ela está muito diferente e vai ter um papel primordial no futuro político da Colômbia", disse. Segundo ele, a mídia ajudou a criar uma aura em torno de Betancourt, que vai dar muita força política a ela. "Agora, sim, criaram uma predestinação para ela."
Acusações
O livro que fazia a revelação do caso dos dois, lançado no final de fevereiro, dá um duro golpe na imagem heroica de Ingrid Betancourt. Em, "Out of Captivity" (Fora do cativeiro), ex-reféns companheiros de Ingrid descrevem-na como dominadora e até traidora, e capaz até de furtar comida dos companheiros.
Os autores são os americanos Marc Gonsalves, Keith Stansell e Tom Howes, que foram mantidos como reféns das Farc na selva colombiana por mais de cinco anos e libertados na mesma operação que Ingrid. Eles dizem que a colombiana era uma mulher "egoísta e dominadora."
O trio foi capturado depois que seu avião caiu em um território dominado pelas Farc em fevereiro de 2003.
De acordo com eles, Ingrid recusava-se a dividir as coisas, agia arrogantemente e dizia aos terroristas que os americanos eram agentes da CIA -o que poderia colocar suas vidas em risco.
Gonsalves diz que Ingrid não queria que os americanos ficassem no mesmo local que ela.



