O presidente egípcio, Mohamed Mursi, disse aos chefes do Judiciário do país que agiu dentro de seus próprios direitos ao promulgar uma série de decretos que lhe conferem mais poderes, de acordo com seu porta-voz.
Sua manobra causou uma crise com a oposição e fez com que milhares de pessoas fossem às ruas para protestar. Ele ainda afirmou que não voltará atrás nem negociará as ações -que, entre outras mudanças, impedem que suas decisões na Presidência sejam passíveis de recurso.Além disso, o Judiciário também perde o poder de dissolver o Parlamento, que redige a nova Constituição do país após a destituição de seu antecessor, Hosni Mubarak.
Protestos
O político egípcio Hamdeen Sabahy, de oposição, declarou hoje que os protestos na praça Tahrir, no Cairo, continuarão até que o presidente Mohamed Mursi volte atrás nos decretos.
"Nossa decisão é a de continuar na praça, não sairemos enquanto essa proclamação não seja derrubada", disse, acrescentando que a praça Tahrir seria um modelo de "um Egito que não vai aceitar um novo ditador [apenas] porque ele derrubou o último".
Sabahy é um político de esquerda que criou um movimento chamado Corrente Popular. Ex-candidato a presidente, ele se juntou a diversos outros líderes de oposição para denunciar o decreto de Mursi.
Segundo o Ministério da Saúde, desde sexta, quando os protestos começaram, pelo menos 444 pessoas ficaram feridas, sendo que 49 continuam internados.
Na cidade de Damanhoor, no delta do rio Nilo, foi registrada a única morte no conflito até o momento. Um adolescente foi morto por um grupo de opositores que tentavam destruir o escritório do Partido Liberdade e Justiça, de Mursi. Outros 40 ficaram feridos.



