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Enquanto a União Européia anuncia que vai criar novas restrições para a entrada de profissionais e de imigrantes em geral, Portugal vive uma polêmica bem diferente. O país debate se deve ou não "importar" médicos, principalmente da América Latina. Segundo o Ministério da Saúde de Portugal, há falta de médicos de família e a ministra Ana Jorge deixou claro que vai negociar com governos latino-americanos a possibilidade de que o mercado português seja abastecido. O objetivo é levar especialistas em clínica geral. A assessora do Ministério, Joana Refega, confirma que o Brasil está no radar e que estudos estão sendo feitos para avaliar quais países seriam alvo da iniciativa

O tema pode ser objeto de uma conversa com o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que deve fazer uma visita a Portugal no próximo mês. "Nós temos muitas pessoas sem médicos de família O número de médicos de família neste momento ainda não é suficiente para podermos atender a todos", afirmou a ministra, sem dar números. Um dos problemas, segundo o Ministério português, é que a maioria dos médicos formados acaba buscando uma especialização, entre outros motivos, para garantir um melhor salário. O mesmo problema, aliás, ocorre no Brasil.

Os portugueses estudam acelerar o reconhecimento de diplomas por meio de acordos bilaterais. A burocracia torna esse trâmite muito arrastado.

Há cerca de cinco meses, por exemplo, um grupo de 45 médicos uruguaios foi contratado. Apesar do interesse do governo em suprir as vagas, só há 15 dias os processos começaram a dar entrada na Ordem dos Médicos, para reconhecimento de especialidades.

Salário

Outro motivo do déficit de médicos é que profissionais espanhóis que foram a Portugal trabalhar nos últimos anos agora estão saindo do país, em busca de melhores salários. Até três anos atrás, a carência de profissionais da saúde em Portugal era preenchida principalmente por espanhóis. "A vinda dos médicos da Espanha começou em 1999. Chegaram a ser mais de 2.200. Hoje são 1.800", diz o presidente da Associação dos Profissionais de Saúde Espanhóis em Portugal, Xoan Gómez.

Segundo ele, os que estão chegando agora a Portugal vêm para ganhar menos. "Agora o governo português não integra no funcionalismo público, não dá estabilidade e paga menos. Para um médico que faça as mesmas tarefas que eu, que sou funcionário público, atendendo o mesmo número de pacientes, o salário é 40% mais baixo", conta Gómez.

Médicos demais

Algumas entidades alertam que há um excedente de médicos em Portugal e que a solução não seria importar, mas redirecionar os profissionais. Em Portugal, existe 1,7 médico para cada 500 pessoas. O problema é que muitos estão concentrados no Porto e em Lisboa.

A Ordem dos Médicos alega que já existem 4,2 mil médicos estrangeiros exercendo a profissão no país, mais de 10% do total em Portugal. Só do Brasil são 600. Dos demais países da UE são outros 2,5 mil, enquanto os países africanos de língua portuguesa contribuem com 261.

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