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Presidente Michel Temer falou sobre a morte de Raynéia após encontro com o líder da ditadura chinesa, Xi Jinping, em Joanesburgo, na África do Sul | GIANLUIGI GUERCIAAFP
Presidente Michel Temer falou sobre a morte de Raynéia após encontro com o líder da ditadura chinesa, Xi Jinping, em Joanesburgo, na África do Sul| Foto: GIANLUIGI GUERCIAAFP

O presidente Michel Temer afirmou nesta quinta (26) que o Brasil está tomando todas as providências possíveis para o esclarecimento da morte da estudante brasileira Raynéia Gabrielle Lima, 31, na noite de segunda (23), na Nicarágua.

"Não é possível que nós admitamos simplesmente a lamentável morte de uma brasileira sem que nós tomássemos providências", afirmou Temer, em entrevista após encontro com o líder da ditadura chinesa, Xi Jinping, em Joanesburgo, na África do Sul.

Raynéia foi morta a tiros em Manágua, a capital do país, que enfrenta uma onda de violência diante de protestos contra o presidente Daniel Ortega.

Temer citou medidas já anunciadas pelo secretário-geral de Relações Exteriores, Marcos Galvão, como a cobrança de explicações ao governo Ortega e a convocação da embaixadora da Nicarágua no Brasil, Lorena Martinez, para prestar esclarecimentos.

O Ministério das Relações Exteriores solicitou também o embaixador brasileiro naquele país, Luís Cláudio Villafañe, retorne ao Brasil para relatar a situação. As medidas são um sinal de atrito diplomático entre os dois países.

"As providências estão sendo tomadas diariamente", disse Temer, sem especificar quais outras medidas serão tomadas. O presidente está na África do Sul para a cúpula do Brics, bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e o país anfitrião.

O ministro das Relações Exteriores, Aloyisio Nunes, faz parte da comitiva de Temer e estava presente na reunião com o presidente chinês, mas não se manifestou sobre o tema após o encontro.

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Da África do Sul, Aloyisio coordenou as medidas tomadas pelo número 2 da pasta, como a convocação dos embaixadores.

O que está acontecendo na Nicarágua?

Desde abril, a Nicarágua convive com protestos contra Ortega, que têm sido reprimidos de forma violenta, segundo organizações internacionais presentes no país que afirmam que mais de 300 pessoas morreram desde então.

Inicialmente, os protestos começaram por causa do descontentamento com a proposta da reforma previdenciária. Ortega voltou atrás. Mas as críticas contra o presidente não param. Personagem chave na derrubada da ditadura da família Somoza, em 1979, desde que voltou ao comando do país centro-americano tem tomado medidas autoritárias para cercear a oposição e a imprensa, além do movimento para reformar a Constituição e permitir a reeleição indefinida. 

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O movimento de oposição a Ortega é uma “colcha de retalhos” que reúne movimentos estudantis, camponeses, femininos e entidades empresariais. “O governo nicaraguense quer convencer o mundo de que a oposição é composta por direitistas pagos pelos Estados Unidos, mas a realidade é muito mais complexa”, afirma Benjamin Waddell, professor associado de sociologia do Fort Lewis College (Estados Unidos).

Ortega nega ter ligação com os grupos paramilitares que são acusados de serem os responsáveis pela maioria das mortes, apesar de eles usarem bandeiras do partido do presidente, a Frente Sandinista de Libertação Nacional.

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