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Argentina

'Não quero ter um jornal', diz Kirchner sobre lei do papel

Declaração foi em resposta às críticas ao projeto de lei aprovado pela Câmara dos Deputados que declara o papel de jornal como de interesse público

Declaração foi uma resposta às críticas ao projeto de lei aprovado que declara o papel de jornal como de interesse público | Juan Mabromata/AFP
Declaração foi uma resposta às críticas ao projeto de lei aprovado que declara o papel de jornal como de interesse público (Foto: Juan Mabromata/AFP)

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, disse nesta sexta-feira (16) que não pensa em ter um jornal, em resposta às críticas de entidades de imprensa ao projeto de lei aprovado pela Câmara dos Deputados que declara o papel de jornal como de interesse público.

"Eu não penso em ter nenhum jornal, não me interessa. A lei é para que cada um possa dizer o que quiser", garantiu a presidente em um ato de inauguração de um terminal de ônibus na província de Mendoza (oeste).

Os maiores partidos da oposição votaram contra o projeto porque garantem que ele pretende controlar os meios de comunicação e que é baseado no conflito do governo com o Clarín e o La Nación, os dois jornais mais importantes do país.

"Por trás de uma roupagem supostamente igualitária se oculta uma medida que acabará tornando mais fácil para o governo usar essa ferramenta de controle sobre o jornalismo", disse Carlos Jonet, presidente da Associação de Entidades Jornalísticas Argentinas (Adepa, na sigla em espanhol).

Atualmente, a empresa Papel Prensa, controlada por Clarín (49%), La Nación (22%) e pelo Estado (27,46%) é a única fornecedora do país de papel para jornal, com uma produção anual de 170 mil toneladas, que abastecem 130 meios de comunicação impressos. A demanda local é de cerca de 230 mil toneladas, por isso, alguns jornais têm que importar papel.

"Papel mordaça?", era a manchete desta sexta-feira do La Nación, que destaca que "se o governo assumir o controle do papel, só haverá lugar para a imprensa do governo".

"Agora vão controlar o papel para repetir uma história conhecida: premiar os amigos e condicionar o acesso dos jornais independentes a um insumo essencial".

Kirchner enfatizou que a iniciativa "democratiza o acesso ao insumo básico", o que era uma demanda de jornais e revistas do interior do país.

A iniciativa votada pelo 'kircherismo' e seus aliados declara de interesse público o processo de fabricação e distribuição desse insumo e cria uma comissão dentro do Congresso para verificar o cumprimento desta norma, que fixa um preço 'igualitário' para todos os veículos.

A Federação de Diários Cooperativos, que reúne pequenos jornais, manifestou seu apoio à medida, que afasta "os efeitos do monopólio exercido pela Papel Prensa, controlada por Clarín e La Nación".

"As dificuldades para se ter acesso ao produto da Papel Prensa e o encarecimento permanente são um calvário permanente que impede o desenvolvimento dos jornais cooperativos".

O projeto será debatido na próxima semana no Senado. Na Câmara, foi aprovado com 134 votos a favor, 93 contra e 12 abstenções.

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