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Astronauta Nick Hague faz uma caminhada espacial para trocar baterias da Estação Espacial Internacional | Foto: Nasa
Astronauta Nick Hague faz uma caminhada espacial para trocar baterias da Estação Espacial Internacional | Foto: Nasa| Foto:

Na semana passada, a Índia se tornou o quarto país do mundo a mirar e destruir um satélite na órbita baixa da Terra com um míssil. O teste do sistema antissatélite de fabricação indiana, porém, foi criticado pelo administrador da Nasa, Jim Bridenstine, neste segunda-feira (1º), que o classificou como "inaceitável".

De acordo com uma avaliação da Nasa, o teste espacial indiano aumentou a probabilidade de pequenos detritos atingirem a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) em 44% durante um período de 10 dias. É esperado que este risco retorne ao nível normal. O impacto de detritos pode ter repercussões catastróficas no espaço e é por isso que a Nasa tenta rastrear a trajetória de peças potencialmente perigosas.

"O que estamos rastreando agora são objetos grandes o suficiente para rastrear, de 10 centímetros ou mais. Cerca de 60 peças foram rastreadas", disse Bridenstine, referindo-se às consequências do teste espacial indiano. O teste antissatélite lançou 24 dessas peças para locais acima da ISS, de onde eles gradualmente descem em direção à terra, possivelmente passando pela estação espacial. Outras peças de detritos foram identificadas, mas ainda não foram rastreadas, o que significa que elas poderiam colidir com a ISS sem aviso prévio.

Defesa espacial

Durante o teste antissatélite, a Índia abateu um dos seus próprios satélites para provar que adquiriu tecnologia que lhe permitiria participar em possíveis confrontos futuros no espaço. Embora a grande maioria dos orçamentos de defesa dos países ainda seja usada para comprar armas convencionais, especialistas alertam que o espaço está se tornando cada vez mais uma nova fronteira para algumas das forças armadas mais bem equipadas do mundo.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a criação de uma Força Espacial americana em junho do ano passado. China, Índia e outras nações também estão dobrando as ambições espaciais relacionadas à defesa.

"Não somos apenas capazes de defender em terra, água e ar, mas agora também no espaço", disse o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, na semana passada. "A Índia registrou seu nome como potência espacial".

O Ministério das Relações Exteriores da Índia inicialmente defendeu o teste do míssil antissatélite na semana passada, dizendo em um comunicado que "quaisquer detritos que forem gerados irão decair e cair de volta na Terra dentro de semanas". No entanto, não reconheceu que alguns detritos podem representar uma ameaça para a ISS em seu caminho de volta à Terra.

Riscos

O satélite destruído pela Índia na semana passada estava a 300 quilômetros da Terra, enquanto a ISS geralmente circunda a Terra a uma altitude de pelo menos 330 quilômetros.

Os riscos do teste indiano, porém, desaparecem em comparação com o teste equivalente da China, em 2007, que destruiu um satélite a uma altitude de mais de 800 quilômetros. Estima-se que o teste chinês tenha criado cerca de 25% mais detritos do que o indiano. Na época, Pequim foi amplamente condenada por visar um de seus próprios satélites em uma órbita densamente usada, onde a probabilidade de um acidente catastrófico é maior.

Mesmo que a China tenha se abstido de repetir seu teste de 2007, continua a seguir seu controverso programa antissatélite. Especialistas temem que possa ocorrer uma corrida armamentista no espaço – e o teste indiano da semana passada ofereceu a evidência mais forte até agora.

A tarefa de rastrear detritos potencialmente perigosos é deixada para a NASA, que tem lutado para acompanhar o crescente problema. Enquanto a Agência Espacial Europeia estima que cerca de 34.000 peças de detritos maiores que 10 centímetros estão circulando em órbita, a Nasa monitora apenas 10.000, até o momento. Quando esses objetos colidem uns com os outros, eles criam ainda mais – e potencialmente ainda perigosos – detritos.

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Enquanto isso, programas para limpar o espaço estagnaram. "Não há leis de resgate no espaço. Mesmo se tivéssemos a vontade política de [salvar lixo], o que eu acho que não temos, não poderíamos derrubar as peças grandes porque não as possuímos", disse Joan Johnson-Freese, professor da Faculdade de Guerra Naval, ao Washington Post em 2014.

Alguns sugeriram a construção de satélites menores que pudessem orbitar em altitudes mais baixas e escapar da nuvem de detritos potencialmente mortal acima. O teste indiano da semana passada, no entanto, mostrou que não há mais espaços seguros, nem perto da Terra.

Cautela

Vizinho e rival da Índia, o Paquistão divulgou um alerta para a Índia após o teste da semana passada, dizendo que "cada país tem a responsabilidade de evitar ações que possam levar à militarização dessa arena".

O administrador da Nasa, Bridenstine, repetiu as palavras de cautela nesta segunda-feira. "Quando um país faz isso, então outros países sentem que precisam fazê-lo também", afirmou.

O primeiro teste de míssil antissatélite do mundo não foi conduzido pela China ou Índia, mas pelos Estados Unidos, em 1958.

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